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Dom João Carlos Seneme

Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais

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No evangelho de domingo passado (05) refletimos sobre uma parábola, hoje nos é apresentado um fato real. O tema continua o mesmo, a misericórdia. Os personagens se repetem: o filho mais novo, uma mulher adúltera, o filho mais velho, os fariseus, um Pai bondoso, um Mestre, Jesus. O perdão se realiza. Só fica faltando a realização de uma festa. Mas sabemos que há sempre alegria no céu por um pecador que se converte.

Vamos ao Evangelho deste 5º domingo da Quaresma. O Evangelho nos relata um episódio em que os fariseus e os mestres da lei apresentam uma mulher surpreendida em adultério e sugerem que Jesus aplique a lei de Moisés que diz que ela deve ser apedrejada até a morte. O primeiro pensamento de Jesus seria perguntar onde se encontra o homem cúmplice, pois o adultério implica duas pessoas! Os fariseus e mestres da lei sabiam que a lei determinava que deviam ser apedrejados os dois, não somente a mulher. A atitude deles revela que se tratava de uma armadilha para Jesus. Não lhes interessava cumprir a lei, mas surpreender Jesus para que Ele se manifestasse contra a lei: “Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar”. De outro, queriam também desmoralizá-lo, uma vez que o centro de sua mensagem era o perdão.

Jesus consegue escapar da armadilha e revela o pecado de cada um, de modo que todos deixam o local humilhados porque todos eram pecadores e não podiam apontar o dedo na direção da pecadora. Lançar a pedra é cômodo. O “farisaísmo” é a doença de quem não se olha no espelho. Todos nós carregamos luzes e sombras e, muitas vezes, ocultamos o nosso lado pecador para apontar os pecados dos outros.

A conversão é um processo longo que exige empenho e procura agir como Jesus: “Pensar como Jesus pensou”, “Amar como Jesus amou, “Perdoar como Jesus perdoou”.

No centro deste modo de pensar e viver está o perdão. Perdoar sempre: “Setenta vezes sete”. A atitude de Jesus com os pecadores e pecadoras era sempre de compreensão, não condenava nunca, mas oferecia um convite à mudança de vida, a conversão: “Ninguém te condenou? Ninguém, Senhor? Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

Finalmente, o relato deste domingo nos leva a pensar que os gestos e as palavras de Jesus vão além do fato de revelar a hipocrisia e a maldade dos escribas e fariseus. O ponto é (e isso nos traz ao contexto da Quaresma que estamos vivendo) para enfatizar que, mesmo quando cometemos pecado, Deus nos concede a oportunidade de arrependimento, para que retomemos o caminho da conversão na direção de Deus e dos irmãos. Jesus não nega a realidade do pecado e tampouco condena. Ele simplesmente nos convida à conversão, a mensagem muito simples que Ele tinha proclamado desde o início do seu ministério: “O reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Estas são as mesmas palavras pronunciadas sobre a imposição das cinzas, no primeiro dia da Quaresma.

 

 

Bispo da Diocese de Toledo

 

revistacristorei@diocesetoledo.org

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