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Dom João Carlos Seneme

Eu vim para fazer a vontade do Pai

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Estamos no 10º domingo do tempo comum do ano B. Quem nos guia nos passos no conhecimento de Jesus é o evangelista São Marcos. Os evangelhos narram o despertar da fé e alimentam a vida dos cristãos. Quem inspira os escritores é o Espírito Santo, que conduz a história da nossa Igreja desde sempre: Ele conhece não somente os segredos de Deus, mas também os segredos da humanidade e sua história.

O episódio deste domingo (06) apresenta três situações: a intervenção de alguns parentes para desviar Jesus de seu ministério por considerar que ele está fora de si. A acusação de que Jesus está relacionado com Satanás, que, supostamente, lhe daria poder de expulsar os demônios. E, finalmente, a revelação da verdadeira identidade e origem de Jesus: Ele vem de Deus e a sua família é aquela que cumpre a vontade de Deus.

Jesus veio ao mundo com a missão de salvar a humanidade, conduzindo-a ao encontro do Pai. Para cumprir esta missão, Ele anuncia o “Reino” e revela que conhece o Pai e o coloca bem próximo do ser humano como alguém que se compadeça do sofrimento de seus filhos e filhas. Por causa deste modo de revelar o rosto de Deus, Jesus enfrenta uma onda de contestação e incompreensão dentro da própria família e diante das autoridades religiosas de seu tempo.

Jesus não se intimida diante da pressão que sofre e alarga o horizonte de seus contemporâneos ao afirmar que veio para salvar a todos sem pertencer a este ou àquele grupo. “Todos aqueles que Deus me deu eu os salvarei a todos”. Por isso, aproveita o momento e afirma diante de sua própria família que Ele pertence a todos e que, diante da sua missão, sua família é quem faz a vontade de Deus.

Não é negação de sua origem familiar, mas um olhar que se abre e inclui toda a humanidade. A única exigência é acreditar Nele como revelador do amor do Pai.

Seguir os passos de Jesus, pertencer a sua comunidade e procurar agir como Ele agiu não é fácil; faz-se necessário uma força interior que provém do Espírito Santo. Por isso Jesus responde com veemência quando o acusam de estar dominado pelo espírito do mal! Pecar contra o Espírito Santo é assumir o pecado e permanecer nele para sempre, sem dar uma oportunidade ao Espírito Santo de Deus de manifestar seu perdão e seu amor e deixar-se conduzir para o caminho de Deus que pode exigir escolhas difíceis, renúncias… São Paulo afirma que a “mensagem da cruz é loucura para os que se perdem; para os que se salvam é força de Deus” (1Cor 1, 18).

O Espírito é uma força que atua em nós. É o próprio Deus inspirando e transformando nossa vida. Da nossa parte cabe deixar-se conduzir porque Ele sempre nos levará a “prados verdejantes”. Desde modo podemos entender o comportamento de Jesus que veio para realizar o plano de salvação do Pai e nos insere nele quando nos chama a ser membros desta família de fazedores da vontade do Pai.

Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo
revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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