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Dom João Carlos Seneme

Eu vos dei o exemplo, para que façais o que eu fiz

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O Evangelho deste domingo nos leva novamente a Jerusalém e podemos acompanhar Jesus revelando o plano salvador de Deus que se realizará na cruz através de sua morte e ressurreição. Os líderes religiosos não acreditam em Jesus e buscam, de todo modo, um meio de condená-lo através de armadilhas e ciladas. Hoje, um fariseu, conhecedor das escrituras e da Lei, aproxima-se de Jesus e pede que lhe diga qual é o maior mandamento da Lei.

Jesus sabe que é uma armadilha, mas não se esquiva e responde unindo de modo indissolúvel dois mandamentos: amor a Deus e amor ao próximo. Ensina que não se pode separar o amor a Deus do amor ao próximo. Assim, na perspectiva de Jesus, “amor a Deus” e “amor aos irmãos” estão intimamente associados. Não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. “Amar a Deus” é cumprir o seu projeto de amor, que se concretiza na solidariedade, na partilha, no serviço, no dom da vida aos irmãos. Foi assim que Jesus viveu a sua vida: procurando discernir a vontade do Pai e cumpri-la com fidelidade e amor. “Amar a Deus” é pois, na perspectiva de Jesus, estar atento ao projeto do Pai e procurar concretizar, na vida do dia a dia, os seus planos. Ora, na vida de Jesus, o cumprimento da vontade do Pai passa por fazer da vida uma entrega de amor aos irmãos, se necessário até ao dom total de si mesmo.

Amamos Deus amando os outros como Ele ama.  O amor pelos outros é o que torna verdadeiro o nosso amor para Deus, é o único sinal revelador de somos discípulos de Jesus. Ele afirmou claramente: “Nisso conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13, 35); é o amor que coloca em prática “o mandamento novo”, último e definitivo, deixado por Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Jesus realizou a vontade do Pai: “Porque não desci para fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que me confiou, mas os ressuscite no último dia” (Jo 6, 38-39).

Amar ao próximo é prestar atenção em cada ser humano que passa pela nossa vida, procurando ser solidário com todos, respeitando as diferenças de cada um. Partilhar alegrias e sofrimentos, desilusões e esperanças, fazer da vida um dom. O mundo em que vivemos precisa redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida. Estamos vendo aumentar cada vez mais a intolerância em todos os níveis. Pessoas matam por um briga de trânsito, uma vaga no estacionamento, um relacionamento desfeito. Parece que ninguém pode ser contrariado. Por isso o mandamento de Jesus continua atual. “Se Deus nos amou tanto, também nós devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus: se os amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e ao amor de Deus está consumado em nós: Deus é amor… Se alguém diz que ama a Deus, mas odeia seu o próprio irmão, mente; pois se não ama o irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1Jo, 4).

O amor a Deus e ao próximo se torna, em Jesus Cristo, um modo de viver. Somente amando podemos ser verdadeira e profundamente felizes e cristãos. O amor a Deus e ao próximo é uma força de vida que nos faz viver uma Páscoa permanente da saída do eu para a entrega generosa, gratuita, a Deus e ao próximo.

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