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Dom João Carlos Seneme

Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros

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O evangelho deste domingo (16) é um convite à maturidade moral que implica em duas coisas. Em primeiro lugar, conduzir nossas vidas através de um amor sincero e não somente cumprir certas normas e ter medo de castigos e punições. Em segundo lugar, aceitar nossas limitações: não podemos confiar somente em nossas forças, precisamos da ajuda de Deus.

O trecho do evangelho que vamos refletir neste domingo (Mt 5,17-37) é conhecido pelas antíteses que apresenta. Iniciam sempre com a expressão: “Eu, porém, vos digo”. Nestas discussões entre Jesus e os mestres da lei do seu tempo, Jesus aparece como o último revelador da vontade do Pai e apresenta uma nova forma de vida como uma espécie de superação da antiga. Este modo de interpretar as leis torna-se um para a vida dos discípulos. Jesus afirma que quem quer entrar no reino de Deus deve seguir a justiça cristã e superar a dos escribas e fariseus que se orientavam pela força humana de cumprir as leis.

Jesus coloca diante de nós não somente um mundo melhor, mas um mundo novo de viver. Não pede somente para sermos justos, mas que a conversão aconteça de fato. Para que o bem seja verdadeiro não basta evitar o mal no mundo, mas que ele seja eliminado de nossos corações. É um ideal exigente. Por isso é novidade para os discípulos e Jesus o denomina Reino dos Céus, que não se alcança somente com o cumprimento dos mandamentos, mas sobretudo deixando que Deus nos guie e nos conduza a uma vida nova.

Jesus veio para revelar à humanidade a última vontade de Deus. Deus já tinha revelado a sua vontade por meio da lei que contém os termos essenciais da aliança do Sinai (quando entregou a Moisés os dez mandamentos). O núcleo da lei são os termos da aliança. Os profetas foram responsáveis por interpretar a lei e a aliança nos diversos momentos históricos em que viveram. Jesus vem para realizar uma nova aliança (“Eu vos dou um novo mandamento”), uma nova maneira de conhecer o Pai e seu projeto e nos libertar de qualquer empecilho que dificulte este encontro. O próprio Jesus, em consonância com a missão recebida do Pai, cumprirá a lei através da encarnação, morte e ressurreição. Seu comportamento e suas palavras se encaixam perfeitamente na vontade de seu Pai. Ele revela a todos o verdadeiro sentido da lei: ser obediente à vontade do Pai e viver em total liberdade. Para Mateus, Jesus é o profeta definitivo enviado a este mundo na amorosa obediência ao Pai e na plena liberdade: “Ninguém me tira a vida, eu a dou livremente”. Por isso o desafio para todos nós, discípulos missionários, é seguir os mandamentos de Deus da forma como Jesus nos propõe: viver o amor, o perdão e a reconciliação, a misericórdia, a unidade e o acolhimento, que incluem e colocam todos na comunhão com Deus.

“Pai, a exemplo do teu Filho, permita-me estar em estreita comunhão contigo, de modo a conhecer, em cada circunstância, tua vontade a meu respeito” (Padre Jaldemir Vitório).

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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