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Elio Migliorança

Fé e cidadania

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Há momentos na vida em que é importante parar, fazer um balanço e uma reflexão sobre o que espalhamos pelos caminhos que trilhamos e se contribuímos para construir um mundo melhor. A vergonha nacional em que se transformou a maior parte da classe política nacional, deve nos estimular a tomar uma atitude para ajudar na formação dos jovens que representam a esperança de melhores dias no futuro. Foi com este objetivo que muitas pessoas se mobilizaram para a realização de um pequeno curso que nós chamamos de cursilho, para jovens dos 18 aos 30 anos, realizado de 7 a 9 de julho. Eram 64 jovens que aceitaram o desafio de desligar-se do seu ambiente familiar e profissional, dedicando este tempo para refletir e aprender. Trabalho realizado por leigos e sacerdotes da Igreja Católica, o Movimento de Cursilhos de Cristandade já atua na Diocese de Toledo há 42 anos, realizando um trabalho de formação motivando as pessoas a adotarem um estilo de vida familiar e profissional que possa contribuir para melhorar as estruturas onde vivem, a começar por nós mesmos e depois estendê-lo aos demais. Tive o privilégio de estar entre os que realizaram aquele encontro e pude testemunhar como o ser humano é essencialmente bom e os jovens que lá estiveram acreditam que é possível fazer a diferença, desde que estejamos unidos e continuemos este processo de formação e conscientização. Temos consciência que a missão é desafiadora, afinal olhando para o mundo ao nosso redor quase desanimamos pelas injustiças, pelas pessoas tratadas de forma desumana, pelas estruturas injustas que promovem a desigualdade e pelos “espertos” que exploram seus semelhantes comprometendo-lhes muitas vezes o futuro. A mensagem proclamada nos cursilhos está fundamentada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, afinal ele é nosso modelo e guia. Observando a postura de Jesus diante das realidades do seu tempo, vemos que em alguns momentos usou palavras duras, como as dirigidas às autoridades que impunham sacrifícios insuportáveis ao povo, mas viviam na fartura e privilégios escandalosos. Aos fariseus disse: “ai de vocês, mestres da lei e fariseus hipócritas, são como sepulcros caiados, bonitos por fora, mas podres por dentro. Por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade.” Que palavras dirigiria Jesus hoje aos nossos políticos, diante da forma como administram o país e da corrupção que se instalou nos altos escalões da república? Que palavras dirigiria aos bandidos de toga que ao invés de fazerem justiça vendem sentenças favorecendo os poderosos ou fraudam decisões para beneficiar criminosos? Mas o mais importante é: que palavras dirigiria Jesus a mim e a você? O que podemos fazer para tornar o mundo melhor àqueles que estão próximos de nós? Depois de muita oração e estudo no cursilho, aqueles jovens saíram entusiasmados e dispostos a dar sua contribuição para melhorar seus ambientes. Para que nossa palavra tenha credibilidade, a vida que levamos precisa estar de acordo com a fé que professamos. Talvez nosso encontro tenha sido apenas uma gota no oceano, mas valeu a pena semear a boa semente. Como se pode ver, fé e cidadania podem e devem caminhar juntas. Se cada um fizer sua parte, uma nova luz pode brilhar para todos.

 

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