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Elio Migliorança

FIM DE ANO E FIM DE MUITAS COISAS

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A cada final de ano somos chamados a refletir sobre as coisas que chegam ao fim. Não apenas o ano, mas centenas de ciclos ou coisas são encerradas. Para algumas dizemos graças a Deus, para outras, que pena. Participando de formaturas, observo a alegria e ao mesmo tempo a angústia de jovens que, tendo concluído o Ensino Médio, buscam ansiosos um curso superior, estão conscientes de que o futuro passa por ele. O número de formandos é maior que as vagas nas universidades e o sonho se transforma em frustração. É verdade que nos últimos anos o governo fez um esforço louvável, financiando estudantes que não conseguiram vagas nas universidades públicas e assim só lhes restou uma universidade particular, normalmente de custo elevado.
Na outra ponta estão os formandos das universidades, que, tendo concluído o curso superior, vão em busca do sonhado emprego. Começa outra corrida nem sempre fácil e que muitas vezes se transforma em decepção quando se constata que não há espaço para todos no mercado de trabalho, obrigando, muitas vezes, o formando a trabalhar em áreas fora de sua habilitação. É uma equação de difícil solução, mas está na esfera governamental a responsabilidade em planejar o futuro para gerar desenvolvimento com espaço para todos.
Mas o ano de 2010 também tem formaturas na área política.  Um time sai de cena, novos figurantes entram no palco e inicia um novo espetáculo. Uma parte dos que saem é saudada com um “já vai tarde” e outros com um “que pena, podia continuar”. Ninguém terá feito só coisas boas, nem só coisas ruins. Mas alguns conseguiram fazer pior do que se esperava. Alguns governos estaduais deixaram a desejar e avançaram muito pouco, comprometendo o desenvolvimento para os próximos anos. Deputados estaduais e federais estiveram envolvidos em sucessivos escândalos, até hoje mal explicados. E para coroar a má fama do Congresso Nacional, veio a “defecada final”, que foi o escandaloso aumento aprovado no apagar das luzes de 2010. O final da “Era Lula”, festejada por muitos e execrada por outros, merece um capítulo à parte. O que não podemos aceitar passivamente são os milhões de reais gastos no apagar das luzes deste governo, em propaganda para elogiar e engrandecer os próprios feitos. Um velho e sábio amigo sempre me dizia: “o autoelogio fede”. Poder Público não precisa fazer propaganda. Dinheiro público precisa ser gasto para garantir o atendimento à população. A grande ferida nacional chama-se saúde pública.
Falando em saúde me vem à mente a luta do vice-presidente José Alencar pela vida. O melhor hospital do país, não depende de fila, de vaga, nem de hora marcada. Chegou, já é atendido. Isso está certo. O lamentável é que para os brasileiros que vivem no andar térreo deste país as coisas não funcionam assim. Embora a Constituição do país diga o contrário, alguns são mais iguais que outros perante a lei, e na garantia de seus direitos mais sagrados. E nós não reagimos porque somos bovinamente teleguiados pelos meios de comunicação que nos mostram como em outros lugares, guerra, fome, tirania e miséria são muito piores do que nestas paragens. E nós ficamos contentes por ver como eles estão mal.

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