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Dom João Carlos Seneme

Fui eu que os escolhi e vos designei: amai-vos uns aos outros

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O Evangelho deste domingo (09) nos coloca na última ceia onde Jesus faz um longo discurso de despedida. Neste encontro, ele revela a sua vontade e deixa o seu único mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Não seria necessário outro, porque neste mandamento se realizam todas as coisas. Jesus quer deixar claro que os discípulos, ao darem continuidade à sua missão, não estarão sozinhos, Jesus estará sempre com eles. Por isso fundou uma igreja, uma comunidade de irmãos que são amigos e recebem gratuitamente de Jesus este amor para repartirem com toda a humanidade: “Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando”. Neste momento podemos entender porque Jesus se apresentou como a verdadeira videira: Ele é a ponte entre o Pai e a humanidade; é dele que vem a seiva da vida que dá sentido à vida nova que nasce do Ressuscitado. Se Deus é amor e Jesus é um com Deus, sua vida é uma vida de entrega.

Portanto, os ramos só terão vida se permanecerem no amor de Jesus, porque Jesus não falha em sua fidelidade ao amor de Deus. Jesus quer repetir com os seus, com sua comunidade, o amor que une Pai e Filho no Espírito Santo. Jesus sente que Deus o ama sempre (porque Deus é amor) e uma comunidade não pode ser nada se não se fundamenta no amor sem medida: dando a vida pelos outros. Deus vive porque ama; se não amasse, Deus não existiria. Jesus é o Senhor da comunidade, porque seu domínio se fundamenta no amor. A comunidade produzirá muitos frutos se praticar o amor, o perdão, a misericórdia entre os irmãos. Esse é o que nos distingue como filhos e filhas de Deus.

O amor cristão tem seu fundamento no modelo de Cristo: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Em seguida, acrescenta: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelos amigos”. A autodoação de Jesus se torna um modelo para o relacionamento recíproco. Não se trata de um ideal filantrópico, sua fonte está na Trindade.

Vivemos em um mundo fragmentado, que, em muitas situações, exclui e divide as pessoas. Tais rupturas ocorrem em todas as áreas de nossa vida: política, religiosa, eclesial e familiar. Deus nos fez únicos e nos quer salvar assim. Em Jesus Ele reuniu todos que estavam perdidos: fomos salvos com sua morte e ressurreição. Ele nos escolheu e amou primeiro, nos reuniu em comunidade e nos deixou a missão de convocar todas as pessoas a viver o amor fraterno. Só assim poderemos construir um mundo bom e fraterno, onde todos serão um com Deus.

Não podemos nos contentar com o ritmo desumanizante que está ao nosso redor. Somos os “amigos” de Jesus. Nossa missão é aceitar o convite que ele nos faz: amar um ao outro. Da mesma forma como o Pai comunicou a Jesus seu amor, ele partilha conosco este dom e nos convida a partilhar o mesmo dom com todos. Portanto, compete a nós, a comunidade de Jesus, sua Igreja, ajudar a eliminar o sofrimento, o egoísmo, a miséria, a dor, a escravização e anunciar a boa nova da salvação. Deixemo-nos impregnar pela esperança e anunciar a pessoa de Jesus na dimensão que nos ensina o papa Francisco: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele e são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo renasce sem cessar a alegria” (Evangelii Gaudium, nº 1).

Neste domingo, Dia das Mães, queremos pedir a Maria, mãe de Deus e nossa mãe, que abençoe todas as mães na generosidade de uma vida doada aos filhos, à família; que continuem a acreditar na vida partilhada e na construção de uma família santa. Parabéns a todas as mães!

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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