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Arno Kunzler

GESTÃO PÚBLICA OU PRIVADA?

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O projeto de extinção da Companhia de Desenvolvimento de Marechal Cândido Rondon (Codecar) reascende um tema muito importante, cuja discussão a classe política vai ter que enfrentar nos próximos anos.

Primeiro é preciso ver como funciona a gestão pública, de acordo com as regras e legislação atuais.

Não há governo competente, não há gestor capaz de prestar serviços ou construir obras baratas com o atual sistema.

Pode haver alguma empresa de notável dedicação de suas equipes, mas isso não é duradouro e nas empresas públicas funcionários bons tendem a se nivelar por baixo por falta de reconhecimento.

Criamos uma burocracia insuportável. Agora, percebemos, tardiamente, que emaranhado de leis e de direitos criados geraram custos impagáveis.

Estamos conseguindo manter os empregos públicos e as demandas geradas com sucessivos aumentos de impostos.

Mas isso está chegando ao fim.

É preciso encontrar outras alternativas para prestar serviços à comunidade, sem onerar tanto os contribuintes.

A Codecar há muito tempo se tornou uma empresa obsoleta, e não é só porque foi mal gerida, isso também pode ser discutido, mas as leis mudaram e a finalidade da empresa ficou limitada a questões que podem ser resolvidas por serviços contratados, bem mais baratos.

Aliás, a grande maioria dos serviços públicos seriam mais baratos se fossem terceirizados, submetidos à lei do mercado livre, da concorrência saudável.

Se fizermos um levantamento de quanto custa um aluno na rede pública e quanto custa na escola particular, vamos levar um susto.

Se levarmos isso para as universidades, a diferença é ainda maior, e o pior, nas particulares pelo menos os alunos têm aulas o ano inteiro.

O recolhimento de lixo em Marechal Cândido Rondon há muito tempo não é de boa qualidade e por mais que os diferentes gestores ao longo do tempo tenham tentado, não conseguiram fazer melhor.

Só para se ter uma ideia, no fim do ano e nos feriadões, quando as famílias produzem mais lixo, os funcionários da prefeitura entram em recesso, os da Codecar também precisam folga, justamente quando precisariam trabalhar todos para dar conta do trabalho.

Se fosse terceirizado, a empresa poderia contratar equipes extras para emergência, na Codecar não pode.

Esse não é o mal dos funcionários da Codecar, ou da Codecar, que fique bem claro. É o mal de uma empresa pública que agrega custos, as vezes desnecessários, para se enquadrar na legislação específica e, muitas vezes, para atender aos desmandos políticos.

É assim na Petrobras, é assim em qualquer empresa pública, cujo gestor segue as leis do serviço público e se submete aos vícios do poder político (não estou dizendo que na Codecar houve corrupção, mas desvio de pedras para campanhas eleitorais… deve ter havido alguns milhares de cúbicos).

Temos na Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, e em qualquer prefeitura ou governo, uma infinidade de serviços que poderiam ser terceirizados e deveriam ser para custar menos e ter melhor qualidade.

O exemplo mais claro é o transporte coletivo de alunos, atletas e pessoas.

Se alguém tiver alguma curiosidade, calcula quanto custa o quilômetro rodado com os ônibus da prefeitura, incluindo salá- rios, manutenção e despesas de viagem, como combustíveis, hora-extra etc… e no final do ano compara com os preços pagos para a iniciativa privada.

Sem contar que o dia que o município não quiser mais o serviço, simplesmente não contrata mais, enquanto que, se tiver estrutura própria com funcionários concursados, serão para sempre, mesmo que o serviço seja extinto.

O que está errado não é a Codecar, é a lei.

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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