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Elio Migliorança

Gororoba Fantasiosa

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O tema em evidência na semana foi o julgamento do “massacre do Carandiru”, episódio ocorrido em 02 de outubro de 1992 na Casa de Detenção de São Paulo. O julgamento e a condenação é um fato positivo, pois todos queremos que seja feita justiça e quem errou que pague por isso. A gororoba fantasiosa incompreensível para ouvidos comuns igual aos meus e de outros milhões de brasileiros é entender como se pode condenar alguém a 624 anos de prisão. Ou você proíbe o condenado de morrer antes de cumprir a pena ou então alguma coisa não combina com a realidade. Não seria mais lógico condenar alguém ao número de anos que ele deveria ficar na prisão? Se a pena máxima no Brasil é de 30 anos, o que significam estes seis séculos de pena? Outra pergunta que não quer calar é: por que a demora de 21 anos para o julgamento? Ou ele foi desengavetado agora por que alguém vai faturar politicamente com o caso?
Outra gororoba fantasiosa foi a nomeação de Ezequias Moreira para o cargo de secretário especial do Cerimonial e Relações Internacionais do Governo do Estado. Acontece que o senhor Ezequias ficou conhecido nacionalmente como o “homem da sogra fantasma”, após ter sido denunciado em 2007 como beneficiário durante 11 anos dos salários que a sogra recebia na Assembleia Legislativa do Paraná sem nunca ter comparecido na repartição, e os salários dela eram depositados na conta de Ezequias. Como estava prestes a ser julgado, foi nomeado secretário e assim adquiriu “foro privilegiado” e o processo migra para o Tribunal de Justiça do Estado. O único ponto a favor de Ezequias é que, ao surgirem as denúncias em 2007, ele devolveu R$ 530 mil aos cofres públicos. O Executivo estadual informou que nomeou Ezequias para o secretariado devido à sua capacidade para exercer o cargo e por já fazer parte da equipe do governo, atuando na Sanepar. Mas, como nada é tão ruim que não possa ser piorado, a mais fantasiosa gororoba foi a promessa feita pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, quando assumiram o cargo, de que promoveriam uma
reestruturação administrativa para reduzir as despesas daquele poder. Pura enganação. Segundo matéria publicada pela entidade “Contas Abertas”, as duas casas legislativas gastaram neste ano mais de R$ 140 milhões, além do que foi gasto em igual período do ano passado. De novo, será do nosso bolso que este dinheiro vai sair.
E, para concluir, é oportuno que os senhores prefeitos municipais saibam que a “lua de mel” acabou. Agosto chegou, já se passaram sete meses desde a posse, ocorrida no início deste ano. Decorrido este período, começarão as comparações com as administrações anteriores. E com elas virão as cobranças. Foi tempo suficiente para “arrumar a casa” e reorganizar o que não estava funcionando. Nos municípios onde houve troca de comando é porque o povo esperava coisa melhor. E onde houve reeleição a expectativa do povo é que o segundo mandato não seja uma versão piorada do primeiro. E se os prefeitos não querem que suas promessas de campanha e seu discurso de posse sejam também considerados “gororoba fantasiosa” é bom arregaçar as mangas e mostrar serviço.

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