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Elio Migliorança

HÁ OUTRAS FORMAS

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Violência está na ordem do dia nesta região, provocando medo e revolta. Mas não é só este tipo de violência explícita e escancarada que agride a população. Existem outras formas de violência que se não levam à morte provocam raiva, medo, sentimento de frustração e sofrimento. Começa pelo setor de saúde. Basta que alguém se desloque até as unidades de saúde em centros maiores. É simplesmente desumano.
Quando as pessoas ficam doentes já é um choque terrível. Depois começam a se sentir tratadas como um estorvo nos centros de tratamento. Imagino que não seja fácil trabalhar num lugar destes, onde o que mais se vê é desespero e desgraça humanas. Mas o doente não tem culpa. Então, que se façam turnos de trabalho mais curtos para cada um, de forma que haja disposição e boa vontade no trato com os doentes. Em outros faltam medicamentos. Faltam vagas para atendimento a todos.
É um assunto tão batido e, no entanto, cada dia mais atual. Aí você fica sabendo que os deputados federais que estavam licenciados voltaram por um dia ao Congresso Nacional e foram reembolsados com R$16,5 mil. Isso não é uma vergonha, isso é um crime. Contudo, um crime legal, aprovado pelos próprios deputados. E nós assistimos, impotentes, porque não há nada a fazer. Recursos como este faltam na saúde. Pagos por nós, deviam nos defender, contudo, fazem certas leis contra nós, como ocorre no caso que relato a seguir.
A violência também está nas empresas públicas em que o governo é sócio majoritário. Agem de forma prepotente, arrogante e com desprezo pelo cliente, porque possuem o monopólio do fornecimento do produto. Em dezembro de 2008, numa tarde ensolarada, sem motivo aparente, houve uma queda de energia que durou de uma a cinco horas. Fora os transtornos normais que uma queda de energia provoca, dezenas de avicultores tiveram perdas enormes com a morte de aves. Num primeiro contato com a Copel foram informados que uma resolução da Aneel isenta a Copel da responsabilidade pela indenização. Quem dirige a Aneel é um “companheiro” nomeado pelo governo, quem dirige a Copel é outro “companheiro”, uma protege a outra e quem se ferra é o consumidor, que não tem a quem recorrer. É uma forma de violência e tanto. Quando um fornecedor não te atende bem você procura outro, mas neste caso não tem outro. Agora resta o caminho da Justiça. Mas você tem que pagar um advogado, o processo é moroso, enquanto a empresa tem advogados pagos por nós consumidores para agir contra nós no processo.
Na segunda-feira (09) começaram as aulas nas escolas públicas. Aproximadamente 20% dos professores ainda não foram contratados. Provavelmente os encarregados deste setor estavam na praia em janeiro e só agora tiveram tempo para cumprir seu dever. Como as matrículas foram feitas em dezembro passado, é uma forma de violência e incompetência iniciar as aulas sem o quadro de professores completo. A sorte de muitas escolas é a eficiência e dedicação das Associações de Pais, Mestres e Funcionários (APMFs), que, voluntariamente, trabalham para dotar as escolas de infraestrutura e material para tornar o ensino um pouco mais decente.

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