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Elio Migliorança

HISTÓRIA ESCRITA A LÁPIS

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Nossa região festeja uma colheita tipo “safra cheia”, embalada por preços que há muito não se viam. Depois de anos de aprendizado e investimentos em equipamentos, tecnologia e genética, alcançamos um grau de produção comparado aos melhores do mundo. Não esqueçamos que progresso e bem estar são frutos do esforço de várias gerações. Os idosos de hoje foram os que construíram a base para alcançarmos o atual nível de desenvolvimento. Registros relatam as dificuldades e desafios enfrentados pelos pioneiros que iniciaram a colonização nesta região. Além destes, há os que enxergam um pouco além e dedicam parte do seu tempo em beneficio da comunidade. Enfrentam desafios, incompreensões, renunciam ao conforto e lazer para contribuir com algo a mais na construção do futuro da comunidade. Graças a estes, algumas comunidades alcançaram mais que outras onde faltaram tais lideranças. Para não cometer injustiças, vou mencionar apenas alguns nomes de pessoas já falecidas, para esclarecer ao leitor a ideia central deste texto. Há muitos falecidos que merecem destaque regional, e uma multidão de lideranças ainda vivas que tiveram papel relevante neste processo. A história de Guaíra, por exemplo, não pode ser contada sem lembrar o nome de Kurt Walter Hasper, prefeito durante 21 anos, um dos mais longos mandatos no país. Werno Scherer gravou seu nome na história de dois municípios, Marechal e Pato Bragado. Arnaldo Busato, deputado estadual e federal pela região, foi decisivo na emancipação de vários municípios – vida preciosa ceifada por um câncer, que deixou uma lacuna difícil de preencher. Estes e tantos outros agiram quando se construía o alicerce para o desenvolvimento da região. Foram momentos de conquistas, mecanização da agricultura, conservação de solos e industrialização. Mas tem algo estranho no ar da política local e regional. Tem-se a impressão de que um esquema de propaganda bem elaborado está em curso para banir da história regional estes e outros nomes igualmente importantes. Autoridades e lideranças tentam passar a ideia de que tudo foi realizado agora, esquecendo que a construção do desenvolvimento é tarefa de várias gerações. O passado não começou ontem e o futuro é infinito. A roda já foi inventada há milênios e, de lá para cá, cada um acrescentou algo mais e assim se construiu o progresso. Tentar escrever a história a lápis é uma tentativa maquiavélica de desqualificar ou destruir o mérito de todos os que contribuíram para o bem comum. Existiram muitos outros líderes que foram também estratégicos no processo de conquistas e desenvolvimento. Willy Barth foi o “pai” do Oeste. Em Nova Santa Rosa, não é possível contar a história da comunidade sem registrar os nomes de Gustavo Fischer e Dom Severino. São inúmeras as contribuições. É uma questão de justiça reverenciar sua memória, como a de tantos outros. Pena que o Centro Cultural que leva o nome de Gustavo Fischer e o Museu Municipal que leva o nome de Dom Severino sequer tenham uma placa indicando seus nomes na entrada principal. Nunca antes na história desse país, se esqueceu tanto o que os outros fizeram como agora.

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