Arno Kunzler
Hora de organizar
O Brasil precisa preservar os bons servidores públicos e manter condições para continuar atraindo os melhores profissionais para ocupar as funções estratégicas dentro dos governos.
Só que para isso precisa reorganizar a estrutura.
A Constituição de 1988 abriu espaço para que um contingente de pessoas, servidores sem comprometimento com o serviço público, se aproveitassem das brechas legais e criassem uma bolha de vantagens que aos poucos se tornam impagáveis.
São vantagens e privilégios que fazem mal ao serviço público, que piora de qualidade.
O cidadão já não está satisfeito há muito e sabe que essa conta, do jeito que está, só vai aumentar.
Sem ignorar a importância do serviço público e sem ignorar que a grande maioria das pessoas que trabalham no Poder Público são pessoas comprometidas e competentes profissionais, é preciso mexer, sim, nessa estrutura.
O que precisa ser feito são adequações e eliminação de privilégios.
O governo encaminhou ontem (03) um projeto de reforma administrativa que contempla uma série de pontos importantes.
O Congresso precisa ter maturidade para analisar isso.
Não é fácil mexer nesse vespeiro, porque se trata de interesses pessoais de um grupo de pessoas influentes.
Não haverá mudanças sem grandes discussões e debates polêmicos.
Quem hoje trabalha nove ou dez meses por ano, e vai ser chamado para trabalhar 11 meses, vai reclamar.
Quem goza de privilégios salariais, vantagens, muitas vezes imorais, terá que ser enquadrado e não vai gostar.
Aqueles que se escondem atrás da estabilidade para disfarçar que trabalham terão que ser convidados a trabalhar ou se retirar.
Qualquer mudança que tire as pessoas encostadas e os aproveitadores da zona de conforto será dolorida e difícil de acontecer.
Mas terá que acontecer.
Para preservar os bons servidores, os maus terão que ceder.
Para atrair bons servidores é preciso rigidez e bons salários.
Para pagar bons salários aos que de fato merecem é preciso mudar muitas coisas da estrutura atual, envolvendo Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e certamente outras estruturas estatais.
O projeto do governo não está perfeito e nem completo. Cabe ao Congresso aperfeiçoá-lo.
Vamos acompanhar passo a passo e, quem sabe, colaborar com a aprovação de um projeto benéfico para o país.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos
arno@opresente.com.br