Fale com a gente

Arno Kunzler

Hora de racionalizar

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A sociedade precisa começar um processo de racionalização dos debates, discussões e manifestações públicas.

Que mundo é esse? Se eu não gosto do que você fala, simplesmente me dou o direito de ofendê-lo, xingá-lo e desmoralizá-lo?

Não será tão simples, mas é preciso pensar antes de falar. É preciso ver o que está sendo compartilhado antes de fazê-lo.

Não vivemos num país onde tudo está certo, muito longe disso.

Mas não dá para pensar que destruir tudo o que funcionou (certo ou errado) até agora vai ser a solução.

É possível acreditar em corrigir rumos, mais do que mudar tudo.

Primeiro que não se consegue mudar tudo, se não pela força.

Segundo que mudar tudo não é necessariamente “acertar” tudo, pelo contrário.

Os veículos de comunicação, grandes ou pequenos, não são os donos da verdade e nem devem ser os únicos a nos informar. Mas substituir tudo isso por algumas tuitadas por dia… e pronto?

Certamente precisamos da imprensa (bem ou mal, certa ou errada). Sem ela pode ser bem pior.

Assim como precisamos dos bancos, das grandes construtoras, das grandes e pequenas empresas…

É ingenuidade nossa imaginar que essa onda, hoje francamente direitista, privatista e com alguns defendendo até a intervenção total do Exército, não muda amanhã.

Claro que muda, e muitos defensores radicais das mudanças de hoje estarão na primeira fila dos que pedirão mudanças amanhã.

Isso é assim mesmo, é cíclico. Quem tem mais idade já teve o privilégio de viver vários ciclos.

Os ciclos servem para nos amadurecer, para compreender melhor e para refletir antes de falar. Servem para estabelecer o contraponto. Tudo que era, pode ser de novo.

Mas servem principalmente para sermos mais tolerantes com aquilo que não concordamos.

Isso é bom porque nos ensina a compreender que os excessos nos levam sempre e invariavelmente a uma situação pior.

Se todos concordamos que assassino precisa cumprir a pena na cadeia, que corrupto não pode ficar na sua mansão de tornozeleira (às vezes não muito eletrônica) e que a polícia tem que atirar antes e para matar, se preciso for, quando está num conflito com bandidos armados, já não podemos pensar que todos pensam igual sobre temas polêmicos.

Temos todo direito de contestar a Globo, a Folha de São Paulo, a Veja, a Difusora, o O Presente, mas achar que a verdadeira informação é somente aquilo que você recebe e compartilha pelo WhatsApp parece muito longe do razoável.

Achar que todos os veículos de comunicação estão a serviço da esquerda, pera aí…

Lembram que o PT também achava que a Veja, a Globo e etc… eram todos de direita e contra o Lula quando denunciavam seus escândalos?

Ninguém jamais vai agradar a todos, mas por conta disso não temos o direito de destruir um veículo de comunicação.

Claro que não vamos ignorar as tantas matérias distorcidas que, infelizmente, alguns veículos de comunicação acabam divulgando, às vezes por vontade própria, às vezes por vontade do jornalista e às vezes por ignorar a distorção.

Jornalista também erra, também tem seus interesses, seus candidatos preferidos e nem sempre consegue distinguir o seu interesse do público ou, então, nem sempre consegue transparecer sua isenção.

A sociedade inteira erra, cada segmento tem os seus próprios interesses e suas convicções sobre certo e errado.

O que precisamos e queremos é que nossos interesses sejam respeitados e que todos possam lutar, de forma igual, pelo que lhes convém, por aquilo que acreditam. Isso é democrático.

O que esperamos dos nossos representantes (Executivo, Legislativo e Judiciário) é que eles coordenem todos esses interesses, com leis justas e claras para todos.

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