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Dom João Carlos Seneme

Ide pelo mundo e pregai o evangelho a toda criatura

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O Evangelho deste domingo (11) oferece detalhes sobre o modo de Jesus envolver seus discípulos no projeto de implantar o Reino de Deus. Podemos acompanhar como Jesus prepara os 12 apóstolos para o trabalho missionário. As instruções revelam alguns obstáculos que surgiram durante a início da Igreja e podem inspirar o nosso modo atual de agir diante das dificuldades.

O texto é do evangelho de São Marcos. É um texto pequeno, porém repleto de preciosas informações sobre o trabalho missionário do começo da Igreja. Primeiro, Jesus aconselha seus seguidores a saírem dois a dois, enfatizando que a propagação do evangelho é um esforço comunitário, não uma tarefa solitária. O trabalho em conjunto dá aos apóstolos companhia e segurança, principalmente nos lugares desconhecidos.

Eles também recebem autoridade para expulsar espíritos imundos e ungir as pessoas com óleo. Isso integra bênção e cura na missão deles, modelando suas ações no próprio Cristo. Assim recordamos o início do evangelho de São Marcos. Quando Jesus começa seu ministério na Galileia, Ele chama seus discípulos e depois vai até a sinagoga para rezar e ensinar. Ele age como “quem tem autoridade” por meio de suas palavras e ações. O primeiro sinal do poder de Jesus foi repreender um espírito impuro. Em seguida, Ele curou a sogra de Simão e também várias pessoas com outras doenças (Mc 1, 21-34). A missão que Jesus confere aos 12 reflete seu ministério inicial.

Além disso, os apóstolos são instruídos a não levar itens essenciais, como comida, sacolas, dinheiro ou roupas extras. Jesus quer distinguir os apóstolos de outros pregadores viajantes da época e também encorajá-los a confiar na hospitalidade. Este segundo objetivo é confirmado quando Ele os instrui a ficar nas casas das pessoas enquanto fazem seu trabalho. A missão também exige desapego: levem somente o essencial para não atrapalhar a mobilidade e disponibilidade: cajado e sandálias. A confiança não pode estar nos meios, mas no próprio Senhor que os envia. Desta forma, as pessoas confiam nos discípulos por eles testemunharem o que pregam.

A missão não será fácil. Ao instruí-los a pregar uma mensagem de arrependimento, Ele os alerta para esperar alguma rejeição. Nem todos acolheriam os primeiros cristãos de braços abertos, e Jesus diz a seus seguidores para enfrentarem a rejeição e seguirem em frente: “Se em algum lugar não vos receberem nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles”. Este gesto condena a rejeição ao evangelho e a falta de hospitalidade. Além disso, ajuda simbolicamente os apóstolos a continuar a missão sem desanimar diante da rejeição. Jesus deixa claro que os discípulos não devem se concentrar naqueles que rejeitam o evangelho.

A missão da Igreja está fundamentada no mandato do Senhor. A missão não é feita somente de êxitos; é preciso contar com o fracasso e a rejeição. O que sustenta a vida do missionário é a alegria, a confiança em Deus e o amor às pessoas.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

 

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