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Dom João Carlos Seneme

Imediatamente deixaram tudo e seguiram Jesus

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Neste 3º Domingo do Tempo Comum (24) as leituras colocam lado duas histórias vocacionais com duas respostas diferentes. De um lado temos Jonas (primeira leitura) que, sendo chamado para uma missão difícil, se afasta do Senhor, se arrepende e reassume a missão. O evangelho apresenta dois irmãos que imediatamente deixaram as redes e seguiram Jesus. Histórias diferentes, porque as personalidades, as esperanças, os medos… são diferentes. As histórias destes vocacionais nos levam a pensar sobre o nosso chamado no contexto da nossa vida hoje.

Devemos considerar o contexto do chamado dos irmãos, Simão e André. Eles eram discípulos de João Batista que foi preso. Colocado o início do ministério de Jesus, o anúncio da prisão de João soa como um triste presságio. Mesmo assim, Jesus não desiste da missão de proclamar a boa nova de Deus.

A presença de Deus na história humana continua a ser uma boa notícia, mesmo com as dificuldades, escândalos e recusa. Os primeiros discípulos chamados ao seguimento de Jesus deverão confiar: a presença do Reino em suas vidas não será algo ruim, apesar do início amargo. Eles deverão confiar no Mestre e em sua palavra.

Jesus toma a iniciativa e convoca pessoas concretas para participar da sua comunidade e do seu projeto salvador. Todos eles têm um nome, uma história de vida, profissão, família. Seu chamado é sempre firme, direto e radical. Não prepara previamente, não explica nada, não dá nenhuma garantia e nem sequer se volta para ver se os convocados aderiram ao desafio. O convite não é para conhecer uma doutrina e depois repeti-la aos outros. É algo mais profundo e comprometedor. É um chamado para aderir à pessoa de Jesus, para fazer com Ele uma experiência de vida, para aprender com Ele a ser uma pessoa nova que vive no amor a Deus e aos irmãos. Esse convite exige uma resposta imediata, total e incondicional, que deve levar a colocar tudo o resto em segundo plano para seguir Jesus e para integrar a comunidade do Reino. É bonito ver no texto a reação dos discípulos: “E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram Jesus”. Pedro, André, Tiago e João não exigem garantias, não pedem tempo para pensar, não avaliam se vale a pena ou não. Eles simplesmente sentiram que ali estava o sentido de suas vidas.

Este chamado é para todos que acreditam em Jesus é são atraídos pelo seu modo de ser e de uma comunidade. O seguimento de Jesus não é uma conquista. Somos nós os conquistados: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens. Deixando o pai no barco, puseram-se a seguir Jesus”. Com Jesus seremos construtores de um mundo melhor, mais humano, sem egoísmo, maldade e violência.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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