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Arno Kunzler

Inaceitável

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Ao longo dos 47 anos que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Marechal Cândido Rondon existe, duas coisas sempre foram muito claras.
Primeiro, a água era e tinha que ser mais barata do que a da Sanepar para justificar o serviço municipalizado. Essa teoria foi combatida com eficiência pela gestão anterior do Saae, que entendeu que água não tem que ser propagandeada como barata para evitar justamente o desperdício.
No que a administração do Saae está absolutamente correta. Não se pode “vender” a ideia que a água é barata para evitar que usem inadequadamente. Pelo contrário, é preciso convencer as pessoas que a água é algo precioso e deve ser usado racionalmente.
A segunda questão é que as pessoas, quando precisam algo do Saae, têm facilidade para conversar com seus fun-cionários e até seus diretores, ou para reclamar, ou para receber informações e serviços ou até mesmo para sugerir algo novo e diferente.
E sempre, ao longo dos anos, o Saae teve grande preocupação em atender os reclamos da população.
Faltar água em algum lugar sempre provocou mobilização de todos e preocupação inclusive dos gestores municipais.
É admissível que falte água em épocas de crise, numa estiagem prolongada ou eventualmente em algum acidente em que o fornecimento fica interrompido.
Mas não é admissível para o cidadão e não é compreensível que o Saae não se preocupe com a falta de água que ocorre em algumas regiões da cidade, diariamente.
E a explicação?
A explicação dos funcionários é que o consumo aumentou.
Que sempre no final do dia falta água porque algumas regiões da cidade crescem muito e o fornecimento não consegue atender a todos.
Ora, o crescimento de uma cidade é lento, uma casa demora para ser construída e antes disso o loteamento tem que ser aprovado pela prefeitura e por todos os órgãos ligados ao fornecimento de serviços públicos, entre eles o Saae.
Se a cidade cresceu nos últimos cinco anos e o Saae não fez nenhum investimento para acompanhar isso e hoje deixa uma região toda sem água todas as tardes, foi um erro grosseiro de planejamento, até porque ninguém recebe água de graça, o Saae vende.
É inaceitável que em época que não falta água, ou não deveria faltar porque a produção está normal, parte da população seja tratada dessa forma, sem receber uma satisfação se isso vai ser por uma semana, um mês, ou um ou dois anos…
A julgar pela explicação dos funcionários do Saae, temos que torcer para a cidade parar de crescer urgentemente…
Não adianta o governo se preocupar com centenas de serviços para atender bem a população, e o cidadão chega em casa no final do dia e depois de usar o banheiro, não consegue puxar a descarga…
É bem verdade que grande parte da população não percebe isso, aqueles que têm caixa e os que moram nas regiões privilegiadas, mas o drama daqueles que não recebem água é algo que merece maior atenção das autoridades.
Ou todo esforço de um governo vai literalmente por água abaixo.

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