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Tarcísio Vanderlinde

Interesse antigo

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O interesse pelos locais associados às narrativas bíblicas remonta à antiguidade. Há registros de peregrinos que buscavam identificar os lugares santos desde os primeiros séculos do cristianismo. O historiador Justo Gonzalez observa que durante a Idade Média muitos peregrinos, já em fase final da vida, empreendiam um esforço para se deslocar a Jerusalém para morrer e lá serem sepultados. Mais discreta, a prática ainda persiste.

Descontando tradições e lendas sobre a longa história da Terra Santa, somente nos últimos 200 anos é que a arqueologia bíblica adquiriu status científico. É curioso saber que o imperador brasileiro D. Pedro II tenha visitado a Terra Santa por volta dos anos de 1870 numa espécie de expedição científica e de fé. Em Jerusalém, na igreja do Santo Sepulcro, mandou celebrar missa pelo seu aniversário. Junto à comitiva imperial havia um professor de hebraico que assessorava o imperador na tradução de fragmentos bíblicos quando a noite se refugiava na barraca de viagem.

Com liberdade ou restrições políticas, as escavações arqueológicas relacionadas às narrativas bíblicas são realizadas em diversos países com destaque para Israel, Palestina, Jordânia, Síria, Egito, Líbano, Iraque, Turquia, Grécia, Chipre e Itália. Diversos arqueólogos de renome fizeram descobertas importantes ainda no século XIX, como foi o caso da identificação de Cesareia de Filipe, localizada nas nascentes do Rio Jordão. Procedimentos profissionais no trato com fragmentos antigos foram aperfeiçoados neste período.

Destaque-se no século XX o trabalho diligente do arqueólogo norte-americano William Albrigth. Albrigth não se destacou apenas pela perícia e conhecimento, mas também porque seu pressuposto era que a Bíblia era um documento historicamente confiável. O hebraísta Luiz Sayão, coordenador de tradução da Nova Versão Internacional da Bíblia, é da opinião de que não é possível fazer um estudo sério e responsável das Escrituras sem valer-se da materialidade da arqueologia.

No tempo presente a arqueologia utiliza técnicas e análises muito sofisticadas. Houve grande avanço tecnológico nas últimas décadas que permitiram muitos progressos nas pesquisas. O resultado da pesquisa realizada em terras bíblicas pode ser medido por um grande número de descobertas e a relevância delas para a história. Dezenas de cidades e centenas de objetos arqueológicos foram desenterrados e estudados minuciosamente.

Vale destacar alguns achados diretamente relacionados à Bíblia: os Manuscritos do Mar Morto, a Sinagoga de Cafarnaum, o Tanque de Betesda e a Placa de Cesareia. A Placa de Cesareia, por exemplo, revela que Pôncio Pilatos foi um personagem real.

 

O autor é professor da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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