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Elio Migliorança

JANAíNA E A SELEÇÃO

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Janaína é guia turística em Natal (RN). Reúne as qualidades que fazem dela uma guia especial. Manter a galera ligada ao assunto e uma boa pitada de humor para tornar o passeio agradável e divertido foi a tônica dos roteiros naquela região. Conhecimento da história e geografia locais e a biografia dos vultos históricos que construíram a identidade regional facilitaram a compreensão dos costumes e da cultura do povo do extremo Nordeste do país, ou, como dizem, da “esquina” do continente. O porquê do nome de uma rua, quem foi o homenageado, um resumo dos 300 anos de história da região e como Natal foi estratégica na 2ª Guerra Mundial porque lá estava localizada uma base militar dos Estados Unidos. Janaína tornou o passeio agradável, instrutivo e oportunizou a degustação dos pratos típicos da culinária nordestina, incluindo a famosa “buchada de bode”. É assim que deve ser um profissional: tem que fazer o seu trabalho com competência e seriedade.
Do office-boy ao presidente da empresa, cada um precisa tentar ser o melhor na sua área. Mas a Seleção Brasileira não foi assim. Não correspondeu à expectativa da torcida. Teve um resultado pífio, muito aquém do que se espera de um profissional. Ninguém espera que se ganhe sempre, mas perder de forma tão humilhante deixa qualquer um desapontado e triste. Todo fato tem um lado negativo e um positivo. Neste eu vi mais positivos que negativos. Primeiro a economia que se fez, pois deixamos de gastar milhões não precisando manter a Seleção e o exército de apadrinhados que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) leva junto nestas competições, até o final da Copa América. O dinheiro economizado pode ser gasto por aqui e gerar emprego e renda para muita gente do lado de cá da fronteira. Em segundo, foi bonito ver a alegria dos “hermanos” com a vitória que nem eles imaginavam ser possível. Acham que sou “antipatriota”? Afinal, não foi isso que pregaram nossos deputados, senadores e governantes, quando triplicaram o valor pago pela energia de Itaipu, dizendo que devíamos contribuir com o desenvolvimento do sofrido povo paraguaio?
Pois eu achei legal que, além de ajudá-los financeiramente, pudéssemos também proporcionar-lhes uma grande alegria, afinal, nós já temos tantos títulos da Copa América que um a menos não nos fará falta nas estatísticas. Aposto que nem você, leitor, sabe quantas vezes o Brasil foi campeão americano. Só falta agora os jogadores declararem que foi exatamente isso que quiseram fazer, que tudo estava combinado. Culpar o gramado também não, afinal, os paraguaios chutaram a bola do mesmo lugar. Também ouvi por aí críticas ao salário dos jogadores. O que eles ganham não me incomoda, afinal, se há empresas e clubes pagando tanto é porque o próprio povo cria isso na medida em que o torcedor é louco por futebol e gasta muitas vezes o que não tem para assistir aos jogos e comprar tudo o que os jogadores tocam com a mão.
Esta é a diferença entre Janaína e a Seleção. Fama não ganha jogo, de um profissional espera-se o melhor possível. Deu para ver que além dos estádios e dos aeroportos, a Seleção também não estará pronta até 2014.

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