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Dom João Carlos Seneme

Jesus Cristo, Rei da justiça, do amor e da paz

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Com a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo encerramos o Ano Litúrgico e celebramos o Padroeiro de nossa Diocese neste domingo (23). O Evangelho de Mateus foi o nosso guia nos mostrando os passos de Jesus. A liturgia que celebramos neste fim de semana é, em certo sentido, uma recapitulação do convite de Jesus para segui-Lo e entrar com Ele no Reino de Deus. Nós acreditamos que a história é como um caminhar na direção de nossa realização final e plena. O Ano Litúrgico dá um sentido novo quando nos convida a reviver a cada ano os mistérios da vida de Jesus. Não se trata de um círculo que se fecha e recomeça, como se fosse sempre o mesmo, porque hoje somos diferentes de ontem e também do ano passado. Por isso, viver o ano com Jesus é sempre algo novo e uma oportunidade de fazer tudo diferente e com mais profundidade e sentido.

Vivemos este momento único de olhar para trás, ver tudo o que vivemos no ano e agradecer. É também uma oportunidade para refletir e avaliar os momentos de luzes e sombras que vivemos e o esforço empenhado para mudanças e conversão.

O agradecimento vai para Aquele que é o princípio e o fim, o Senhor do tempo e da história, Jesus Cristo Rei do Universo. Foi um ano inteiro para viver como dom e graça. Cada um passou por experiências existenciais pessoais marcantes. Vivemos intensamente o tempo do Advento, Natal, Quaresma, Páscoa, Pentecostes, os domingos do Tempo Comum. Os acontecimentos na vida de Jesus se entrelaçaram com os de nossa vida. Jesus nos iluminou, guiou, corrigiu, purificou e salvou nossas vidas de discípulos missionários.

O Evangelho deste fim de semana, a Parábola do Juízo Final, nos fornece matéria suficiente para avaliar nossa caminhada. O texto evangélico apresenta o “Filho do Homem” sentado no seu trono, a separar as pessoas umas das outras “como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”. Qual é o critério que “o rei” utiliza para acolher uns e rejeitar outros? O essencial é a atitude de amor ou de indiferença em relação aos irmãos menores de Jesus: “Todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a Mim que o fizestes”. Eles se encontram em situações dramáticas de necessidade – os que têm fome, sede, os peregrinos, os que não têm o que vestir, os que estão doentes, os que estão na prisão. Jesus identifica-se com os pequenos, os pobres, os fracos, os marginalizados. Manifestar amor e solidariedade para com o pobre é fazê-lo ao próprio Jesus e manifestar egoísmo e indiferença para com o pobre é fazê-lo ao próprio Jesus. Mateus é um catequista tentando instruir sua comunidade sobre o modo de agir de Deus que não aprova uma vida conduzida pelo egoísmo, onde não há lugar para o amor aos irmãos, particularmente aos mais pobres e fragilizados. Jesus se identifica com os famintos, os abandonados, os pequenos, os desprotegidos: todos eles são membros de Cristo e não amá-los é não amar Cristo.

O Reino de Deus – isto é, esse mundo novo onde reinam os critérios de Deus e que se constrói de acordo com os valores de Deus – é uma semente que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo definitivo navida eterna. O Reino de Deus já está no meio de nós; a nossa missão é fazer com que Ele seja uma realidade bem viva e bem presente no nosso mundo. Depende de nós fazer com que o Reino deixe de ser uma miragem, para passar a ser uma realidade que cresce e transforma o mundo e a vida dos homens. Jesus é rei porque Ele se preocupa com todos, sem distinção. Porém, tem um olhar misericordioso com os mais sofredores e excluídos. Ele caminha no meio da multidão e, ao seu redor, se reúne todo tipo de pessoa: ricos, pobres, pecadores. Para todos Ele tem uma palavra, um gesto de acolhida e lhes propõe uma vida nova.

A Catedral Cristo Rei é para nós sinal de nossa missão como continuadores da obra de Jesus, de seguidores deste Rei-Pastor que protege todas as ovelhas, alimenta-as com sua Palavra e seu corpo. Se há uma ovelha ferida e doente, dilacerada no espírito pelo pecado, ou somente desanimada, Ele está pronto para enfaixar suas feridas, tratá-la com o óleo do perdão e consolação.

Nesta festa do padroeiro de nossa Diocese não nos resta outra coisa senão repetir com alegria, mais uma vez: “O Senhor é o meu pastor, não me falta coisa alguma”! O Rei que seguimos ofereceu-se na cruz, vítima pura e pacífica, para redimir toda a humanidade. Por isso o seu Reino é da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz. Amém.

 

 

* O autor é bispo da Diocese de Toledo

 

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