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Dom João Carlos Seneme

Jesus é o verdadeiro templo, lugar em que Deus habita

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No início do século IV, Roma começou a mudar suas tradicionais construções arquitetônicas graças ao imperador Constantino. Ele mandou construir a Basílica de São João de Latrão com um batistério e um palácio que se tornou a residência dos bispos de Roma.

Catedral de Roma, São João de Latrão é a mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo. É o símbolo da fé dos cristãos nos primeiros séculos que sentiram a necessidade de se reunirem em um lugar comum e consagrado para celebrar a Palavra de Deus e os sagrados mistérios.

Esta majestosa Basílica dedicada a São João Batista, no início foi colocada sobre a proteção do Divino Salvador. O nome Latrão vem de Laterani, nome da família que tinha casa naquele local.

Hoje celebramos a festa de sua “dedicação” ou consagração que aconteceu no ano de 320. É a catedral do Papa, enquanto bispo de Roma. Ela é a “mãe de todas as igrejas”, o símbolo das Igrejas de todo o mundo, unidas ao redor do sucessor de Pedro, o papa Francisco. A Festa da Dedicação da Basílica de Latrão convida-nos a tomar consciência de que a Igreja de Deus (que a Basílica de Latrão simboliza e representa) é hoje, no meio do mundo, a “morada de Deus”, o testemunho vivo da presença de Deus na caminhada histórica dos homens. Por isso, a celebração deste domingo quer chamar nossa atenção sobre o igreja-templo, lugar de encontro com Deus e com os irmãos, um sinal visível da sua presença, um lugar de convocação dos fiéis, para ouvir a Palavra, celebrar a Eucaristia ereunir a comunidade em oração. Ou seja, mais que celebrar a lembranças de uma data de um prédio, é celebrar o nascimento de uma comunidade.

Sabemos, e o texto do Evangelho deste domingo nos confirma, que a adoração e orações sobem a Deus de todos os cantos da terra: na intimidade do quarto (Mt 6,6) até a celebração mais solene das catedrais. Nada pode restringir o Senhor, o Deus Altíssimo está em toda parte e transcende tempo e espaço. Mas, apesar disso, o homem sempre sentiu a necessidade de estabelecer um lugar de adoração, a exemplo do rei Davi que queria construir uma casa para Deus (2 Sam 7,2). A celebração de hoje coloca em nossos lábios a seguinte oração: “Senhor, criastes o mundo inteiro para templo de vossa glória a fim de que o vosso nome fosse louvado por toda parte. No entanto, não recusais consagrar alguns lugares para a celebração dos vossos mistérios. Por isso, vos oferecemos, com alegria esta casa de orações, erguida pelo trabalho humano” (Prefácio).

A cena de Jesus purificando o templo revela quanto Ele amava o templo enquanto morada de Deus, “casa do meu Pai”, coração da fé de seus filhos e filhas. Tinha zelo pela casa do Pai, como diz a Escritura: “O zelo por tua casa me consumirᔠ(Sl 69,10). No tempo de Jesus, o templo havia desvirtuado o seu verdadeiro sentido: ser casa de oração e morada de Deus no meio de seu povo. Havia se tornado casa de comércio onde se vendiam os animais para os sacrifícios e trocavam as moedas pela moeda do templo. Diante deste fato, a proximidade da Páscoa, onde Jesus ofereceria o seu próprio corpo como sacrifício de reconciliação com Deus, Jesus faz uma profecia sobre o templo que será destruído (o que realmente aconteceu no ano 70) e Ele, Messias de Deus, será o novo templo. O pontífice que une a humanidade pecadora com Deus Criador. Na Ressurreição, Jesus assume o papel de sumo pontífice, deixando de lado todas as outras mediações para o encontro com Deus. As comunidades, simbolizadas pelas igrejas-templo, devem ser constantemente purificadas de todos os empecilhos que dificultam o verdadeiro encontro com Deus. O culto deve ser de adoração a Deus, desencadeando a disponibilidade e o serviço humilde.

Jesus nos ensina que o templo de Deus é, primeiramente, o coração da pessoa que ouviu sua palavra e a acolheu. Jesus falando de si e do Pai diz: “Viremos ao Pai e n’Ele habitaremos” (Jo 14,23) e São Paulo: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3,16). Quem tem fé é templo novo de Deus. Mas, a igreja-templo, espaço de culto, encontro, oração, é também lugar da presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome” (Mt 18,20). Por isso, vamos nos esforçar para participar na comunidade das celebrações litúrgicas, encontrar nossos irmãos, encontrar o nosso Deus e depois, com alegria, anunciar o amor que vivemos juntos.

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