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Dom João Carlos Seneme

Jesus foi tão humano, que somente Deus poderia ser humano assim

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Estamos às vésperas de celebrar o nascimento de Nosso Salvador. Para este dia nos preparamos durante quatro semanas, um grande retiro de expectativa, vigilância, oração, leitura da Palavra de Deus, esperança. Neste período nos reunimos em famílias para rezar e recordar a misericórdia de Deus que vem nos salvar.

O Evangelho deste domingo nos coloca em contato direto com o anúncio da gravidez de Maria por ação do Espírito Santo, enfatizando, de modo especial, a vocação e missão de José. Enquanto no Evangelho de Lucas o anúncio é feito a Maria; Mateus revela em sonho a José a gravidez de Maria por obra do Espírito Santo e o convida a participar do projeto salvador de Deus. Ele recebe as informações necessárias: José é da linhagem de Davi, a gravidez de Maria é fruto do Espírito Santo, o menino se chamará Jesus (= Deus salva), tudo é projeto de Deus e Ele será o Emanuel, Deus conosco. Da parte de José não há dúvidas: ele acolhe e assume a missão que lhe é confiada por Deus e se torna pai de Jesus. Naquele momento, Maria e José, consagram-se a Deus e ao seu projeto salvador. Não é uma atitude de simples conformidade, mas de plena atividade colocando suas vidas a serviço da salvação da humanidade que será realizada por Jesus Cristo.

Um tal vínculo de caridade constituiu a vida da Sagrada Família; primeiro, na pobreza de Belém, depois, durante o exílio no Egito e, em seguida, quando moravam em Nazaré. A Igreja manifesta profunda veneração à família de Jesus, apresentando-a como modelo para todas as famílias. A Família de Nazaré, diretamente inserida no mistério da Encarnação, constitui ela própria um mistério particular. E ao mesmo tempo — como na Encarnação — é a este mistério que pertence a verdadeira paternidade: a forma humana da família do Filho de Deus, verdadeira família humana, formada pelo mistério divino. Nela, José é o pai: a sua paternidade, porém, não é só “aparente”, ou apenas “substitutiva”; ele atua verdadeiramente como pai: protege, educa, dá um nome. Juntamente com a assunção da humanidade, em Cristo foi também “assumido” tudo aquilo que é humano e, em particular, a família, primeira dimensão da sua existência na terra. Neste contexto foi «assumida» também a paternidade humana de José (Redemptoris Custos, Papa João Paulo II).

O nascimento de Jesus está aí diante de nossos olhos, apesar de tudo. Deus nasce mais uma vez e se faz um de nós para nos ensinar a ser humanos. Para Deus não existem barreiras que limitem o seu agir. Por isso o convite que Ele nos faz no Natal é contemplar o seu mistério. Não entendemos o Natal se não sabemos fazer silêncio em nosso coração, abrir nossa alma ao mistério de um Deus que se aproxima de nós, acolher a vida que Ele nos oferece e saborear a festa da chegada de um Deus Amigo. Entrar no mistério de Deus-menino é aceitar a proximidade de Deus e se deixar atrair por sua ternura.

Desejo a todos um Feliz e Santo Natal marcado pela alegria que vem da contemplação da fragilidade de uma criança que quer ser um de nós para nos levar até Ele. Deixemos que esta sublime alegria nos invada e tome conta de nosso ser, de nossas famílias, de nossas comunidades simplesmente porque Deus está conosco.

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