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Tarcísio Vanderlinde

Jezabel pelas lentes de Flávio Josefo

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O historiador Flávio Josefo aponta Jezabel como esposa do controverso rei Acabe (935-852 a.C.). Era filha de Etbaal, rei dos tírios e sidônios e que com o apoio do marido teria trazido crenças desprezíveis para o reino de Israel. Josefo não poupa palavras ao qualificá-la:

“Jamais mulher alguma foi mais ousada e insolente; sua horrível impiedade chegou mesmo a não se envergonhar de edificar um templo a Baal, deus dos tírios, e estabelecer falsos profetas para dar um culto sacrílego a essa falsa divindade”.

É célebre o confronto do profeta Elias com os profetas de Baal nomeados por Jezabel. O duelo teria ocorrido no monte Carmelo, Norte de Israel. Com a eliminação dos profetas, Elias é ameaçado por Jezabel e foge para o deserto:

“Quando Jezabel soube dos prodígios que Elias estava realizando e da morte dos seus profetas, mandou dizer-lhe que o trataria do mesmo modo, como ele os havia tratado. Tais ameaças atemorizaram-no e ele fugiu para a cidade de Berseba, que está na extremidade do território da tribo de Judá e confina com a Iduméia”.

Ainda não se sentindo a salvo, o profeta acabou se refugiando numa caverna no distante monte Sinai, onde finalmente se sentiu seguro.

Outro episódio maquiavélico levado a efeito por Jezabel, e que também aparece em 1Reis, foi o assassinato do justo Nabote. Nabote possuía uma vinha que extremava com as terras do rei Acabe. Pelo fato de a vinha ter sido herança de família, Nabote reiteradamente resistiu a qualquer proposta de compra por parte de Acabe, o que teria levado o rei a uma profunda depressão.

Com auxílio de três falsas testemunhas, Jezabel arquitetou um plano macabro para eliminar Nabote num processo que aos olhos do povo parecesse legítimo. Acusado de ter blasfemado contra Deus e contra o rei, Nabote foi apedrejado e morto pelo povo, abrindo caminho para que o marido saísse do estado depressivo e tomasse posse da tão cobiçada vinha.

No reinado de Jeú, sucessor de Acabe, Jezabel tem seu final numa morte trágica. Por determinação do novo rei, foi empurrada por eunucos por uma janela do alto de seu palácio.

Josefo narra os últimos momentos de Jezabel, ocorridos na mesma praça onde anos antes Nabote havia sido apedrejado na finalização do processo fraudulento: “A miserável princesa, caindo, espatifou-se de tal modo sobre as pedras do calçamento que elas ficaram manchadas com seu sangue e depois morreu sob as patas dos cavalos que lhe passaram por cima”.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

 

 

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