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Editorial

Justiça com os próprios dedos

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Antigamente o sujeito assaltava a banca e o dono saia gritando: “pega ladrão, pega ladrão”, na ânsia de que alguém próximo ajudasse a prender o elemento em fuga. A modalidade volta aos dias de hoje, mas a vítima não precisa mais “rasgar o gogó” para chamar a atenção das pessoas. Em poucos toques no celular, a imagem do criminoso, hoje flagrado por incontáveis câmeras de segurança, são encaminhadas para milhares de smartphones. Em algumas horas, a cara do criminoso já tá por toda a cidade.

Nesta semana, uma tentativa de assalto e um assalto consumado foram flagrados por câmeras dos estabelecimentos lesados. Em pouco tempo, as imagens e mensagens de alerta se espalharam nas redes sociais. É natural; as pessoas querem ver a cara do bandido para tentar se proteger e proteger seus patrimônios. No entanto, é preciso muita cautela na hora de compartilhar fotos, vídeos e outros dados sobre supostos criminosos. Alguns perigos podem cercar esse universo que na teoria pode parecer segurança, mas que na prática pode gerar medo e a própria insegurança.

Não é difícil um bandido bater na porta da sua casa, por exemplo, aborrecido com as imagens que você postou dele em sua conta do Facebook. Uma vingança para quem é da bandidagem não é lá grande coisa. Ou ainda, como você está postando fotos na praia, sua casa está vazia e… Bom, o resto é com eles. As redes sociais expõem a vida das pessoas de tal maneira que poucos se dão conta.

Outro ponto a ser analisado é sobre a fonte e veracidade das informações. Os vídeos dessa semana foram feitos em estabelecimentos conhecidos, sim, mas com tanta fake news que existe por aí é bom sempre duvidar antes de acreditar, antes de espalhar o medo para mais um grupo. Além do que, por mais óbvias e incriminatórias que sejam as imagens, cabe às forças policiais de segurança instaurar um processo e à Justiça julgar o meliante, caso seja identificado e detido. O direito a um julgamento é milenar e precisa ser mantido.

As redes sociais podem ser, sim, instrumentos para melhorar a segurança pública das cidades. É muito comum em Marechal Cândido Rondon a formação de grupos de moradores próximos no WhatsApp, que trocam informações e se atentam a movimentações estranhas nas redondezas. Há grupos, inclusive, com policiais, que podem agir prontamente de maneira mais segura e profissional no caso de flagrantes. São inúmeras as possibilidades de operar as redes sociais para a segurança da família, da comunidade, mas é preciso usá-las com parcimônia.

A era do pega ladrão aos berros se foi. Hoje são alguns toques para que uma comunidade inteira perceba um crime e se prepare para se proteger e, porventura, dar informações que ajudem a identificar e prender um ou mais criminosos. É a justiça com os próprios dedos. São os novos tempos, que podem ajudar a sociedade de bem se proteger de seus algozes, mas também reservam perigos que todos precisam compreender.

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