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Arno Kunzler

Lei para espertalhões

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Cada vez mais me convenço que nossos legisladores articulam leis eleitorais para os espertalhões.

É um jogo intenso que procura claramente desestimular as pessoas de boa índole, que não têm interesse em jogar sua honra e sua dignidade nesse lamaçal.

Estamos vendo políticos cada vez mais ousados ganhando projeção e vencendo eleições, enquanto as pessoas com capacidade de gerenciamento e maior comprometimento com a verdade e a coisa séria se afastam dela.

Esse fenômeno mundial se acentua nas democracias mais recentes e com população menos interessada na política.

Nesta semana assistimos o Congresso Nacional tentando, depois do recuo da pressão da imprensa, aprovar uma lei aumentando em quase 100% os recursos para a campanha eleitoral do próximo ano.

Um país que nega aumento de salário para servidores e aposentados, que não consegue comprar remédios por falta de dinheiro, não pode se dar ao luxo de sacar o dinheiro do contribuinte para financiar campanhas eleitorais.

Sabidamente, temos candidatos sérios na política, mas com esse incentivo estamos estimulando milhares de candidaturas apenas pelo interesse financeiro.

Se na última campanha nacional já tivemos casos em que candidatos (as) receberam um monte de dinheiro apenas para assumirem que eram candidatos (as), imagina como será dobrando os valores, numa eleição municipal.

É o caos político instalado num país cheio de mazelas, mas cujo Congresso trata a política como algo acima da miséria do seu povo.

Além de dobrar os recursos para financiar as campanhas, os parlamentares também queriam destinar os recursos para pagar contas como viagens, advogados e, pasmem, adquirir prédios próprios.

É claro que o Congresso vai aprovar o que os parlamentares desejam e, mais cedo ou mais tarde, haveremos de ver uma lei que atenda essa maioria dos nossos parlamentares.

Mas é bom saber que uma boa parte dos deputados e senadores não concorda com isso.

E mais, por mais que se fale mal da imprensa, por mais que a imprensa, especialmente alguns veículos mereçam críticas, é a imprensa que faz o Parlamento recuar de algumas investidas contra o interesse da Nação.

Portanto, é bom que não tenhamos o hábito de generalizar.

Em toda generalização, cometemos erros grosseiros e injustiças irreparáveis.

Sempre vão existir bons políticos em meio a tantos “espertalhões”.

Sempre vão existir bons e honestos juízes, promotores, servidores públicos, professores, delegados, policiais, jornalistas e empreiteiros.

Sempre vão existir bons e maus políticos em todos os partidos.

 

O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos da Natureza

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