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Editorial

Mais que status

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O Paraná pleiteia o fim da vacinação contra a febre aftosa em seu rebanho não somente para obter um título, mas para conquistar um selo que abre praticamente todos os mercados mundiais para o agronegócio. Estar livre de febre aftosa sem vacinação, aos olhos do mundo, quer dizer que o Estado mantém um controle sanitário mais rigoroso e eficiente na produção de proteína animal. Com a vacinação, importantes mercados globais não aceitam os produtos brasileiros e fecham seus mercados não só para a carne bovina, mas para as carnes suína e de frango, além de leite, já que, apesar da vacinação ser feita só em bovinos e bubalinos, o status está atrelado às outras proteínas.

Hoje somente Santa Catarina detém o selo de livre de febre aftosa sem vacinação. Isso já rendeu ao Estado vizinho grandes negócios internacionais, enchendo de dólares os cofres das integradoras, cooperativas e dos produtores rurais. Assim, exporta, especialmente carne suína, para os países mais exigentes e garante maior valor agregado a seus produtos.

Esse status de livre da enfermidade sem vacinação é de extrema importância para o Paraná. Isso porque o Estado é um dos maiores produtores de leite e de carne, é o maior produtor e exportador de frango e o segundo maior produtor de carne suína, apesar de já ter o maior plantel do país e buscar a liderança de abate também nesse setor. Conquistar o selo garante que todo esse mercado seja aceito – com preferência – praticamente no mundo todo.

A segunda etapa de vacinação contra a febre aftosa acontece neste mês no Paraná. Em janeiro de 2018, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deve fazer uma auditoria em todo o Estado para saber se o Paraná está mesmo pronto para abolir a vacinação e conviver com os riscos que isso traz. Depois disso, a solicitação vai ser enviada para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que fez nova auditoria e decide se reconhece ou não o Paraná como livre de aftosa sem vacinação. Isso deve acontecer em 2020. Caso a intenção do Paraná seja negativa da pelas autoridades sanitárias, um novo pleito só deve acontecer daqui a seis anos, em 2023.

A conscientização do produtor melhorou nos últimos anos, o nível sanitário da pecuária paranaense disparou e os mercados observam isso com muito prazer. No entanto, para manter o mesmo nível sanitário retirando a vacinação é preciso que o controle do Estado seja mais efetivo. Para isso, é preciso construir mais barreiras sanitárias pelo Estado e contratar mais profissionais veterinários, o que causa receio em uma parcela de produtores que não são favoráveis ao fim da vacinação. Vale lembrar que o Paraná faz fronteira com Paraguai e Argentina e divisa com Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Além disso, portos e aeroportos também precisam ampliar a fiscalização.

Uma nova oportunidade de negócios bate à porta do agronegócio paranaense. É hora de reconhecer o trabalho quase impecável que o homem do campo e os profissionais a campo estão fazendo ao longo dos anos. Este selo não só eleva o status sanitário do Paraná ou abre novas oportunidades de negócios, mas também valoriza o trabalho da roça, que muitas vezes passa despercebido nas cidades.

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