Fale com a gente

Arno Kunzler

MAL É MAL…

Publicado

em

A decisão do PSDB, na quarta-feira (11), foi uma luz no fim do túnel que pode representar uma mudança na condução do governo e, especialmente, uma mudança no principal partido de oposição.

Tudo que estava sendo tramado no Congresso Nacional era um acordo para promover o impeachment da presidente Dilma e preservar Eduardo Cunha no cargo de presidente da Câmara dos Deputados.

Inúmeros partidos estavam nesse jogo, no qual preservar o mal menor para alcançar o objetivo maior era o plano.

Cunha é o mal menor, se comparado com o que o governo do PT fez nos últimos anos. Mas é um mal, e como mal, precisa receber o mesmo tratamento que deve ser dado a todos os políticos envolvidos em qualquer processo de corrupção.

Não dá para preservar o presidente da Câmara, depois de tantas evidências de que recebeu dinheiro da corrupção da Petrobras e quem sabe em outros inúmeros negócios, e que esse dinheiro está lá, em nome de familiares, na Suíça.

Mesmo que para isso o processo de impeachment sofra uma indigesta paralisação para que novos acordos entre Cunha e o governo sejam possíveis.

Um partido político não pode tolerar o mal menor com o objetivo de alcançar e evitar o mal maior.

Se a oposição no Brasil estava carente de uma atitude clara e direta de um partido com lideranças nacionais e boa representação nas duas casas, ela veio quarta-feira.

Se o PSDB saberá dar continuidade a isso, aí já é outra coisa, mas o pontapé inicial está dado.

Embora alguns aliados do PSDB das últimas eleições e dos “conchavos” feitos para eleger Cunha não estejam satisfeitos, o PSDB tomou para si o centro das atenções oposicionistas. O Brasil precisa de um partido que sabe fazer oposição, para onde convergem os insatisfeitos.

Não precisa nem ser tão radical como foi o PT, mas que seja oposição, que faça oposição e não compactue com esse tipo de entendimento que se desenha no Congresso Nacional – um ladrão isentando o outro para ambos não irem presos.

Agora o PSDB precisa mostrar, e não só mostrar que é oposição, mas fazer oposição.

Deixar que Dilma e Cunha, atolados até o pescoço com a situação que o país se encontra, defendam seus mandatos e tentem comprovar sua inocência. E se não conseguirem, que o PSDB, agora oposição de fato, levante a voz e mostre porque eles não podem permanecer nos cargos que ocupam.

O governo Lula/Dilma e Cunha são farinha do mesmo saco, embora estrategicamente estejam lutando em frentes diferentes, numa disputa desenfreada por mais poder. Se o PSDB souber classificar os políticos que estão e foram eleitos na base do governo, e se posicionar de fato como oposição a tudo isso, vai sair vitorioso e pode estar surgindo finalmente um projeto que os brasileiros estejam esperando para 2018.

Até agora os brasileiros sabem o que não querem mais, mas ainda não sabem direito o que querem para depois da era PT.

Certamente o próximo presidente do Brasil será um político que faz oposição ao PT, que se identifique com aqueles que enjoaram desse estilo de governar.

E o PSDB, até agora, não conseguiu provar que de fato é um partido de oposição, um partido que defende políticas diferentes para o Brasil.

Políticos que acreditam e defendem a capacidade das instituições, que se submetem à lei e que valorizam a iniciativa das pessoas. Que não comprometem o Estado com propostas demagógicas e assistencialistas. Esse será o PSDB?

Ainda é cedo para dizer, mas, a julgar pelo momento político, pode ser.

 

*O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente