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Arno Kunzler

Medidas necessárias

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Ainda que tardias e com efeito menor, as medidas que o governo está adotando para conter a inflação são absolutamente necessárias.

Aumentar a taxa de juros para que o cidadão que tem dinheiro guardado, seja em poupança ou em outras aplicações, não perca e não seja obrigado a gastar o dinheiro às pressas.

Facilitar as importações de produtos que possam aumentar a competitividade interna e com isso diminuir a especulação e evitar a escalada desenfreada de preços.

Reduzir prazos e linhas de crédito para não estimular o consumo.

Todas são medidas antipáticas, prejudiciais aos interesses políticos do governo, mas necessárias para evitar o crescimento da inflação e o desabastecimento.

Esses, sim, inflação e desabastecimento, são ainda piores tanto para o crescimento econômico do país tão desejado por todos quanto para os interesses políticos do governo.

Estamos, portanto, diante de uma situação que pode ser determinante na sucessão do presidente Jair Bolsonaro.

Ainda dá tempo da economia se reorganizar antes do eleitor decidir seu voto nas próximas eleições?

Tempo há, mas com as medidas tomadas tardiamente pelo governo, o prazo para recuperação também pode demorar mais e aí entramos num ano eleitoral com a economia pautando as eleições.

Lembrando que nas eleições passadas, quem pautou os candidatos foi o combate à corrupção, basicamente a Lava Jato.

Em quatro anos vivemos uma guinada impressionante.

O candidato que souber interpretar melhor o sentimento do eleitorado vai levar vantagem.

E se tem uma coisa que influencia o eleitor é o bolso.

Definitivamente, o discurso de Paulo Guedes está fazendo água, seja pelas consequências da pandemia, pelas circunstâncias internacionais ou pelas medidas que o governo tomou ou deixou de tomar.

Visivelmente, Paulo Guedes está enfraquecido perante setores importantes da economia.

Não conseguiu, conforme prometera durante a campanha, tirar o fardo das costas do empresariado brasileiro.

As reformas, exceto a da Previdência, não tiveram o empenho político do governo e a maioria nem a iniciativa do próprio governo.

Não que não houvesse avanços pontuais, mas não há como ignorar a falta de iniciativa e coordenação política do governo para avançar sobre tempos importantes que ficaram no esquecimento.

A coordenação só funcionou pontualmente em situações de grande interesse do governo, como na eleição do presidente da Câmara e na recente votação dos precatórios.

A inércia tem um preço.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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