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Arno Kunzler

Momento desafiador

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Nossa democracia e modelo de governança estão sendo colocados à prova.

Há pouco tempo a primeira mulher presidente(a) do Brasil sofreu impeachment.

Logo depois, o ex-presidente da República, talvez o mais popular da história, foi preso.

Vivemos uma verdadeira devassa no poder central, com a prisão e delações premiadas de empreiteiros, políticos e agentes financeiros.

Nas eleições de 2018 os eleitores deram uma guinada da esquerda para direita em noventa graus, algo inimaginável até para os mais fanáticos direitistas.

Passamos, então, a conviver com o fanatismo de derrotados e vitoriosos, criando um imenso vácuo.

Nada mais é debatido e discutido sob a luz da razão.

Paralelamente vivemos a proposital e brutal campanha de descrédito contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa.

Tanto o ex-presidente Lula, da esquerda, condenado e respondendo inúmeros processos por corrupção, como o presidente eleito Jair Bolsonaro atacam as instituições, fazendo parecer que estão todas a serviço de ALGUÉM invisível.

É comum vê-los questionando decisões do Supremo Tribunal Federal, criticando ministros, destratando parlamentares, mesmo os chefes dos poderes, e atacando a imprensa.

Chegamos em 2020 e, quando tudo parecia se acalmar, aparece o coronavírus e, sob muitas trapalhadas, o sistema de governo é colocado em xeque quase diariamente.

Mais uma vez se fala em impeachment, mais uma vez se fala em golpe, mais uma vez os defensores do governante questionado vão às ruas tentar evitar o “GOLPE”.

E, ao invés de termos o nosso foco voltado para os problemas econômicos e sociais, assistimos diariamente um festival de abobrinhas.

Nenhum debate nacional está indo além dessas trocas de acusações e discussões inúteis.

Tínhamos muitos projetos importantes.

Sonhávamos com o fim da reeleição, uma lei dura contra o crime organizado, tolerância zero com a corrupção, um novo modelo de educação, reformas do Judiciário, do Legislativo, implantação da economia de mercado, combate ao tráfico e contrabando sem trégua, enfim…

Não queremos e não podemos ser pessimistas, e nem queremos ignorar as importantes conquistas deste governo, como a reforma da Previdência e os juros nos níveis mais baixos da história.

Mas se é mesmo preciso questionar tudo e todos, o modelo de radicalização é a melhor forma?

Nesse ambiente político, vamos encontrar as soluções que o país precisa e os brasileiros esperam?

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos da Natureza

arno@opresente.com.br

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