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Arno Kunzler

Momento único

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Para muitos brasileiros, talvez este domingo será um momento único nas suas vidas.

Para nós que crescemos durante o regime militar, que vimos o primeiro presidente eleito depois de 20 anos sofrer impeachment, e agora, muito provavelmente, veremos a primeira mulher eleita presidente também receber o nocaute político – para outros golpe e para a Constituição, impeachment -, isso não é novidade.

Caminhamos para que o impeachment seja aprovado com folga. A julgar pelo que aconteceu com o ex-presidente Collor, Dilma vai ter menos de 100 votos a seu favor.

A julgar pelos seus interlocutores, terá mais de 172 necessários para sua manutenção.

A julgar pelos que defendem o impeachment no Congresso, terá menos de 172 e, portanto, o impedimento será deflagrado pelo Senado Federal através de um processo de cassação.

Lembrando que o que Câmara Federal voltará neste domingo será a abertura do processo de afastamento da presidente para que o Senado a investigue e em 180 dias casse o seu mandato ou a absolva das acusações para que ela possa retornar ao comando do país.

Para a grande maioria dos que analisam política, se domingo a Câmara aprovar a abertura do impeachment ela será cassada no Senado.

Logo, a atual geração pode estar assistindo um momento político único em suas vidas: a destituição constitucional de um presidente eleito pelo voto popular.

O Brasil foi elogiado internacionalmente e, principalmente, internamente, quando os congressistas cassaram o ex-presidente Collor de forma serena e com tranquilidade política.

A partir desse momento, constituiu-se um longo período de normalidade e crescimento econômico, inclusive com o advento do Plano Real que finalmente estancou um processo inflacionário crônico no país.

Portanto, não deveremos ter medo do que vem depois, pelo contrário, há indicadores favoráveis.

Nãos será o fim, será naturalmente o começo de um novo tempo.

Um tempo em que a população foi às ruas manifestar sua discordância e sua insatisfação com os seus políticos eleitos.

Essa insatisfação manifestada nas ruas é que provocou a reação dos congressistas, que acabaram iniciando o processo que pode culminar com a queda da presidente.

E nunca é demais acreditar que o povo não vai mais permitir que os próximos governos pratiquem atos e permitam tanta corrupção como os do PT.

É bom saber que a população civil, não esses sindicatos criados para manipular massas de manobra, mas a sociedade civil, sem vícios, sem “rabo preso”, estará de prontidão caso o novo governo que emerge do impeachment não governe conforme suas propostas e não respeite as leis do país.

O Brasil está vigilante. Se os políticos de modo geral perderam a oportunidade de fazer o bem, de serem honestos com seus compromissos, a população não mais está à mercê de suas iniciativas.

Movimentos sem presidente, sem secretário, sem transferências de recursos públicos, fizeram a diferença e vão estar vigilantes por um novo Brasil.

Eu acredito nesse novo país, nessa nova nação muito mais independente e muito mais forte, que está nascendo.

Um país que pensa mais, que discute mais, que cobra mais e que age mais.

E que vai pra rua, não para quebrar janelas e bens públicos, não para brigar, mas para cobrar, para exigir e mudar os rumos de um país, se for necessário.

 

Jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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