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Tarcísio Vanderlinde

Na travessia

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Para os brasileiros da minha geração o fato mais marcante do ano de 1970 foi a conquista do Mundial de Futebol no México pela Seleção Brasileira. Ilusões à parte, aquele evento transformaria a seleção numa lenda. Na intimidade de cada um, outros fatos daquele ano podem também ser considerados relevantes.

Na primeira semana de maio de 1970, me vi frente a frente com uma turma de alunos, e começava de forma insegura minha atuação profissional. Foi no Grupo Escolar Tiradentes do distrito de Mercedes, que à época pertencia ao município de Marechal Cândido Rondon. Era uma turma de “admissão ao ginásio”.

Estava para completar 17 anos, e lembro-me de ter tido um aluno da minha idade que se tornou um precioso cooperador. Foi de fato meu “monitor” de confiança. Mais tarde, ele também se tornaria professor. Ainda falo com ele pelo Face.

Ao concluir o trabalho daquela primeira semana, pensei em procurar outro emprego. Na segunda-feira acabei voltando lá. Entre o pó e a lama, eu frequentava a Escola Normal Colegial em Marechal no período da manhã e lecionava à tarde. À noite estudava e preparava aulas.

Há meio século os textos didáticos eram restritos. Era praticamente tudo na base do quadro-negro (é verde agora) e do giz, coisas que ainda resistem. De início esforcei-me para aprender alguns toques de violão e levar um diferencial para a sala. Funcionou!

O ambiente fez surgir um coral infantil ainda lembrado pelos participantes à época. Aos poucos foi chegando mais tecnologia. Apareceu um mimeógrafo a álcool. Dava para inventar muita coisa naquela impressora revolucionária.

Nos anos seguintes foi possível adquirir um projetor de slides que se tornou a grande sensação e me ajudou muito na atuação docente. As sessões de slides eram concorridas. Guardei alguns daqueles dispositivos como lembrança. Para encurtar, mais tarde veio a transição para a universidade, na qual ainda permaneço.

Valeu a pena? Me apropriando de Fernando Pessoa, eu diria que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Não acertei sempre, não me fiz por mim mesmo, mas não faltou paixão na caminhada. Gratidão a El Elyon, o Altíssimo, e aos que me concederam crédito.

Não poderia imaginar que 50 anos depois, junto a milhões de pessoas pelo mundo, estaria num retiro motivado pelo bom senso e procurando fazer direitinho o dever de casa.

No ritmo da delicada travessia permaneço em casa participando de bancas e atendendo meus orientados pela internet. Até quando? No tempo oportuno El Olam, o Eterno, permitirá uma resposta! Confio nele!

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

 

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