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Editorial

Não dá para pular Carnaval o ano todo

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As festas do Carnaval brasileiro que terminam hoje (05), ao menos oficialmente, foram um prato cheio para comemorações. Mas no campo econômico, não há muito o que comemorar. Passada a ressaca da maior festa popular do mundo, é hora de dar mais atenção aos números divulgados na semana passada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que descortinam o desempenho econômico do país em 2018.

No ano passado, de acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no país, cresceu magros 1,1% em relação a 2017. Repetiu o desempenho do ano anterior, pegando de surpresa até os mais experientes economistas e profissionais do setor econômico, que esperavam um pouco mais do gigante sul-americano.

Para se ter uma ideia da bronca, mesmo com o desempenho positivo, o Brasil ainda produz 5% menos do que produzia no auge de sua economia, antes dos dois anos seguidos de recessão.

Pior ainda é que o ano começou desaquecido nos setores de comércio e serviços, por exemplo. Muitos trabalhadores temporários contratados no fim do ano passado foram dispensados e voltaram para as filas de emprego. Os ânimos dos investidores estão nos calcanhares.

É praticamente unanimidade que para o Brasil deslanchar novamente e viver um novo ciclo de desenvolvimento econômico é necessário aprovar as reformas, especialmente a da Previdência Social. Se isso acontecer, é provável beirando o óbvio que o interesse de investidores pelo Brasil vai aumentar. Com a bateria cheia, o país então estará pronto para deixar de patinar e estruturado para engatar a última marcha.

Em todo esse caminho, há ainda as questões políticas, que soam como terremotos uma após a outra. O governo de Jair Bolsonaro, em pouco mais de dois meses, tem se mostrado frágil e até ingênuo. Basta uma ira nas redes sociais para derrubar suas supostas convicções. O governo tem tido falta de habilidade, traquejo mesmo, para dar, de fato, o start que o Brasil tanto precisa. Não dá para ficar dizendo e desdizendo toda hora quando se tem nas mãos uma das maiores economias do mundo e mais de 200 milhões de passageiros.

Para não se atrapalhar cada vez mais, é bom que o presidente entregue à Câmara dos Deputados uma proposta de reforma da Previdência de militares bastante razoável, que contente não só Rodrigo Maia e sua trupe, mas toda a população brasileira. Ninguém mais quer ver coronéis e generais ganhando dezenas de milhares de reais e se aposentando aos 50 ou 55 anos de idade. Se a proposta não tiver similaridade com a entregue recentemente tratando dos trabalhadores da iniciativa privada e do setor público, nem Maia nem a sociedade brasileira deve aceitar. E se isso acontecer, só Deus sabe para que buraco o Brasil vai voltar.

As pessoas estão fazendo sua parte, trabalhando para livrar o país de uma das mais sérias crises que enfrentou na sua história, mas não podem fazer tudo sozinhas. O governo federal precisa ser mais assertivo, decisivo e atuante. Não dá para pular Carnaval o ano todo.

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