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Silvana Nardello Nasihgil

Ninguém é mais de ninguém, nem de si mesmo

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Estamos vivendo em uma época com muita gente se valorizando pouco e, então, ninguém é mais de ninguém, nem de si mesmo. Em muitas situações, os sentimentos deixam de ter valor, de fazer sentido, dando lugar aos instintos mais primitivos, sem regras, sem projetos, sem sonhos, sem consciência, sem valores. A vida passa a ser sexo por sexo, prazer por prazer.

Então, quando o sexo dita as normas de um par, de uma relação, quando a pulsão sexual está acima dos sentimentos, não adianta desejar ser amado(a), acolhido(a), cuidado(a), respeitado(a), porque quando alguém se coloca na condição de usar e se permite ser usado(a) é uma escolha muito íntima, e assim será.

A sexualidade desligada de qualquer forma de sentimentos se torna irracional e de forma crescente vai tomando rumos difíceis de serem controlados. O prazer usado desmedidamente é exigente, ele sempre vai querer mais… e mais…

No desconhecimento de onde esses caminhos poderão levar, o mais complicado para se viver o prazer desconsiderando os sentimentos é quando se permite, normalmente sem saber, perder-se de si; quando a vida entra naquele botão do automático e se perde o controle sobre o próprio querer. Tudo vira fantasia e tudo passa a ser certo, deixando de existir critérios de qualquer natureza, no máximo escolhendo entre feio(a)/bonito(a), sem graça/gostoso(a), passando-se a crer que tudo pode, do jeito que vier. Importa é atingir o prazer físico e esse passa então a ser o único caminho a seguir.

É certo que cada pessoa pode escolher como viver, mas isso requer um grau muito elevado de conhecimento sobre si, sobre as emoções, sobre os limites, sobre até onde é possível ir e ainda assim manter-se em equilíbrio. Requer que se saiba separar em partes todo o sentir, requer coragem e determinação para assumir riscos que muito provavelmente se desconheça.

Se isso não for levado a sério, depois que o furor dos momentos explosivos cessarem, quando algo não sair a contento, é possível desencadear angústias, baixa autoestima, sofrimentos e distúrbios psíquicos, emocionais e até físicos de naturezas diversas.

Seria como acordar no meio da noite em um lugar diferente daquele onde se adormeceu. Tudo fica fora de contexto e a retomada do equilíbrio emocional requer sobre forças para voltar a clarear possibilidades de novas escolhas.

Não dá pra esquecer que a vida é uma só, que é preciso pensar sobre o que escolhemos viver e as consequências advindas disso. Só assim poderemos ter serenidade para encontrar aquilo que nos cabe, sem ferir o coração e perder a paz da alma.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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