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Elio Migliorança

NO TRIBUNAL

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Observando as pessoas durante o processo eleitoral, as contradições no comportamento do eleitorado e dos candidatos, surgiram muitas indagações. Uma delas é o discurso. O que disseram no passado e o que dizem no presente, fazendo prever que no futuro podem afirmar novamente o contrário. Prestar atenção no discurso das pessoas quando falam de ética e depois comparar com o que negociam em troca de apoio é revelador. Estas contradições, que alguns chamam de falsidade ou falta de caráter, um dia vão terminar. Haverá um momento em que cada um, solitariamente estará diante do tribunal de sua consciência em que não haverá subterfúgios ou “costuras” e será confrontado com a imagem que os outros faziam de si e o verdadeiro eu de cada um. Será o momento da verdade absoluta. Para alguns será no dia da morte, para outros poderá ser diante de um fato chocante ou quando a pessoa começar a perguntar o que realmente vale a pena nesta vida.
O poder, o dinheiro, a fama, os bens são realmente capazes de satisfazer a alma do ser humano? Pisar nos outros, esmagar o próximo pode fazer alguém feliz? Saber que o sofrimento de muitos é consequência do excesso que alguns cometem ou dos recursos roubados poderá ser motivo de orgulho para um ser humano medianamente inteligente e que tenha algumas gramas de sentimento?
Quantas oportunidades alguns tiveram na vida de fazer o bem e as utilizaram para beneficiar-se e beneficiar os seus. Quantos poderosos já se foram, e viraram pó tal e qual o mais desconhecido dos seres humanos, desconhecido, mas nem por isso menos digno. Se todos têm o mesmo fim, aparentemente nada glorioso, vale a pena tanta luta, tantas traições, tantas mentiras, para obter o poder e o dinheiro que não vão lhe garantir a imortalidade?
Mas é bom ficar esperto. Que tal se a vida do ser humano não for igual a vida do cachorro, do gato, da cobra e da girafa? Se existir vida após a morte e ela for consequência do que se fez nesta vida? Mas consequência da vida real, e não aquela que você mostra para os outros. Muitos ricos e poderosos já se “questionaram” na hora da morte por ir para a eternidade de mãos vazias. Seria o prenúncio de que algo estava surgindo do outro lado? Você já percebeu que quando faz o bem a alguém há uma sensação de bem-estar, de paz interior e harmonia consigo mesmo?
Pois é, meu amigo e minha amiga, até os animais sabem ser gratos quando recebem um carinho, só reagem com brutalidade quando estimulados a isso ou quando maltratados. Domingo (24) ouvi uma frase interessante: se o ser humano não fosse curioso e ambicioso, seríamos hoje seis bilhões de pessoas vivendo nas planícies do Quênia. Mas queríamos ver o que existia além das montanhas, e depois além do mar e assim povoamos o mundo, e o egoísmo nos impele a querer cada vez mais. Mas é possível fazer isso sem pisar no pescoço da mãe dos outros. E sem comer o fígado de ninguém. É possível ser correto e ético em todas as profissões, basta que cada um alcance suas vitórias sem sugar o sangue do seu próximo.

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