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Tarcísio Vanderlinde

O achado

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É assim que o arqueólogo brasileiro Rodrigo Silva define a sensacional descoberta dos Manuscritos do Mar Morto: O achado. Até sua descoberta, a mais antiga cópia em hebraico existente do Antigo Testamento era datada de 1008 d.C. Conhecido como Codex Babylonicus Petropolitanus, o documento havia sido produzido cerca de 1.400 anos após o Antigo Testamento ter sido completado. Um tempo que estudiosos consideravam excessivamente longo e que costumava levantar questões sobre a fidedignidade dos escritos.

Diferentemente de outros achados que envolveram equipes e longos períodos de escavação, o “achado” às margens do Mar Morto, junto às ruínas da comunidade de Qumran, deve-se a um providencial acaso. Entre versões com algumas variações, Silva narra que a história se passa no ano de 1947, quando um garoto beduíno saiu à procura de algumas cabras perdidas e se deparou com uma gruta próxima aos escombros da antiga comunidade de Qumran, lugar hoje de fácil acesso para visitas.

O menino jogou algumas pedrinhas na gruta possivelmente para verificar se alguma cabra não havia se refugiado ali. Qual não foi a surpresa de ouvir o barulho de jarros se quebrando. Correndo, voltou ao acampamento e chamou um adulto com a esperança de ter encontrado um grande tesouro. Escalaram o terreno e adentraram a gruta onde se depararam com grandes jarros de barro com tampas.

Frustrados, encontraram nos potes apenas rolos de manuscritos envoltos em tecido. Há versões de que eles teriam vendido os jarros para um comerciante de Belém, que chegou a enfeitar sua loja com os pergaminhos. O uso dos potes e dos pergaminhos de início não é muito claro.

Superados os embates bélicos e políticos iniciais em decorrência da criação do Estado de Israel, e aproveitando as dicas dos beduínos, entram em cena entidades especializadas em arqueologia. Acabaram sendo catalogadas 11 grutas contendo manuscritos antigos. Encontraram-se textos do Antigo Testamento datados de aproximadamente 300 anos antes de Cristo. O rolo do profeta Isaias, ao ser comparado com os textos em uso atualmente, parece ter sido o fato que mais chamou atenção pela semelhança.

Enfim, encontraram-se, além de outros textos culturais, cópias de todos os livros do Antigo Testamento, com exceção do de Ester, que se acredita que, pelo estado fragmentário e pela manipulação indevida junto a outros textos, acabou se perdendo. Agora vem a pergunta: quem será que guardou ou escondeu estes pergaminhos? A resposta estimularia outro artigo.

 

O autor é professor da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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