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Editorial

O alerta vem do agro

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Os dois dias de geadas bastante intensas ligaram o alerta vermelho para o agronegócio e para o Brasil como um todo. O milho safrinha, que é produzido em abundância no Sul do país nessa época do ano, sofreu radicalmente com as condições climáticas.

O frio intenso inviabilizou boa parte das lavouras, que devem ter perdas que podem chegar a 60%. Só na região Oeste do Paraná, uma das grandes produtoras do Brasil, somente 15% dos 45 mil hectares plantados com o cereal não vai sofrer algum abalo por causa da condição do tempo. Ou seja: 85% das lavouras da região foram afetadas.

Os agricultores, que já sofriam com a falta de chuvas no período inicial, logo após o plantio, e que viram suas lavouras deixarem de expressar o máximo potencial produtivo por causa da estiagem, agora viram o milho praticamente ser consumido pela geada. Para piorar, produtores que atrasaram o plantio, também pela falta de chuvas, devem ter 100% do milho comprometido.

Para o produtor, cobrir os gastos é o mais importante. Com a oferta menor, naturalmente, o preço do cereal, que já está elevado, deve ficar ainda maior. Isso deve ajudar aqueles que tiveram mais perdas produtivas a reduzir seus prejuízos econômicos.

Mas, se para o produtor o preço alto pode reduzir suas perdas, para o consumidor isso significa mais aumentos nos preços dos alimentos. Itens básicos do dia a dia, como carnes, leite e ovos, dependem profundamente do milho para serem produzidos. Cerca de 70% da ração dos animais é composta por milho. No entanto, o cereal é usado em muitas outras situações, o que pode encarecer também outros itens de consumo.

Não bastasse, o milho de má qualidade colhido após a geada vai ser usado na produção de rações. Essa má qualidade afeta a qualidade das rações, o que dificulta ainda mais a produção de proteína animal dadas as micotoxinas presentes na ração.

Com a falta do cereal, empresas avícolas e suinícolas presentes na região e em outras localidades podem, ainda, reduzir o alojamento dos animais, ampliando ainda mais a distância entre oferta e demanda e refletindo nos preços ao consumidor.

O Brasil é imenso, com regiões produtoras que também sentiram o efeito da seca, mas mesmo assim alcançarão boas produtividades, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Mas no mercado agrícola, um pouco que falta já e suficiente para causar transtornos e prejuízos, não apenas para o agronegócio, mas para toda a sociedade brasileira.

O Brasil é intimamente ligado ao agronegócio, e todo alerta ligado no setor é motivo de preocupação para todos os brasileiros. A economia nacional, fundamentalmente, depende do agro, assim como os setores industriais, do comércio e dos serviços. Todos precisam se sair bem para o país voltar a crescer com consistência.

É necessário acompanhar com cautela as cenas dos próximos capítulos, mas infelizmente aquele final feliz que todos imaginavam não vai acontecer.

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