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Elio Migliorança

O ANTIPRESENTE

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O costume é presentear no período natalino. Mesmo que o presente seja modesto, é significativo para quem o recebe. Ser lembrado por alguém é prova da amizade, carinho ou amor que se materializa no presente. Neste período pré-natalino os brasileiros e brasileiras receberam um antipresente. Ao contrário do presente, o antipresente é prova de desprezo, falta de respeito ou pouco caso. Logo concluímos que o antipresente é um presente de grego. Aquele que, ao invés de felicidade, vai trazer tristeza e raiva. Foi isto que os congressistas deram ao povo neste Natal. Quando se autoconcederam um aumento vergonhoso, abusivo, inaceitável e imoral, provaram que não possuem o menor respeito para com a população que dizem representar no Parlamento e provaram que possuem a maior “cara de pau” do planeta. O fizeram por decreto legislativo para não correr o risco de um veto, e para dourar a pílula também aumentaram o salário do presidente, vice e ministros. O aumento tem efeito cascata, ou seja, aumenta automaticamente o salário de deputados estaduais, vereadores e outras classes que possuem o salário vinculado ao salário dos congressistas. Para aumentar R$ 10 a mais no salário-mínimo ou R$ 15 a mais nas aposentadorias não podiam porque havia o risco de quebrar o país. Mas havia dinheiro fácil para beneficiar-se. E foi mais de 60%. E feito numa velocidade invejável até para corredores de Fórmula 1. Bastaram 22 minutos.
Existem artigos da Constituição Federal promulgada em 1988 que ainda não foram regulamentados, projetos dormem nas gavetas do Congresso há décadas, o novo Código Florestal se arrasta há anos e não sai do lugar, para se autorremunerar foi “vapt vupt” e o aumento estava aprovado. Viraram as costas para o povo brasileiro e gargalharam satisfeitos quais hienas que se banqueteiam com o sangue de suas vítimas. Cheguei à conclusão que nossos parlamentares não possuem sentimento, só estômago. Não amam o Brasil, amam a si mesmos. E a única coisa que gostam do povo é do dinheiro que pagamos de impostos. Não amam os pobres, servem-se deles. Na campanha o discurso era pela erradicação da pobreza, faltou acrescentar que era dos seus familiares e do cordão de puxa-sacos. Vi honrosas manifestações de repudio ao aumento concedido, tipo Alfredo Kaefer e Gustavo Fruet, espero que tenham a decência de não aceitar o aumento.
E com relação à presidenta Dilma Roussef, se quiser começar seu governo com força moral para pedir aos brasileiros solidariedade e colaboração no controle de gastos do governo, que repudie e não aceite o aumento imoral concedido. Do presidente Lula não espero isso porque em evento público, quando comentou o aumento aprovado, saiu-se com esta pérola: tiveram um belo aumento, e para o Lulinha aqui nada. Como se os imbecis que pagam seu salário não soubessem que vai aposentar-se com salário de presidente e incontáveis outras mordomias tipo carros, seguranças e funcionários à disposição. Eu tenho vergonha do Congresso Nacional do meu país.

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