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Editorial

O assunto da vez

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Dia sim, dia não ouvimos políticos e lideranças dando declarações a respeito dos novos contratos de pedágio no Paraná. O Estado terá o maior pacote de concessões de rodovias do país. Vai se transformar num celeiro de obras. O governo federal prevê investimentos de R$ 100 bilhões com o leilão do novo Anel de Integração rodoviário com 4,1 mil quilômetros.

Não é pouca coisa.

Os atuais contratos vencem em novembro de 2021. Parece longe, mas está logo ali. Por isso, não poderia ser diferente: o pedágio é o assunto da vez, e deve ser mesmo!

É a Federação das Indústrias do Estado (Fiep) defendendo que o novo modelo atenda os interesses dos usuários e cobrando participação na decisão pela opção que será adotada pelos próximos 30 anos; é a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop) manifestando preocupação com a modelagem das novas licitações e exigindo um debate amplo e transparente a fim de evitar que os mesmos erros do passado se repitam; é o Programa Oeste em Desenvolvimento reunindo reivindicações e se mobilizando coletivamente e regionalmente a fim de assegurar a redução dos valores das tarifas e o investimento nas rodovias; é o governo estadual publicando novos editais para fiscalizar os contratos.

São deputados estaduais e federais alertando a sociedade a ficar de olho no andar da carruagem…

Será mesmo que tudo está se encaminhando para um novo “golpe”, como muitos deles afirmam?

A condução do processo de formulação do novo modelo é feita pelo governo federal, com acompanhamento do governo estadual. Pelos primeiros estudos divulgados, a previsão é que a extensão total de rodovias concedidas passe dos 2,5 mil quilômetros atuais para 3,8 mil quilômetros, divididos em sete ou oito lotes. Desses, 2,4 mil quilômetros devem ser duplicados nos primeiros nove anos dos contratos.

Com o novo modelo, estima-se uma expressiva redução das tarifas. Contudo, o que anda incomodando muitos, que não param de bater na mesma tecla, é o modelo proposto. Se adotado o modelo híbrido, como está sendo cogitado, seria abandonado o sistema de menor tarifa em preferência pela concessão onerosa, para pedagiar ao invés dos atuais 2,4 mil quilômetros, quatro mil quilômetros de rodovias paranaenses.

Desde o governo Dilma Rousseff, passando por Michel Temer e Jair Bolsonaro, a União tem feito concorrências para as concessões de rodovias na Bolsa de Valores. Assim, quem oferece o menor preço ganha a concessão, o que garante pedágios com preços mais justos. Mas, com o modelo híbrido o pedágio no Paraná não será mais barato como era previsto anteriormente, a exemplo do que acontece em praças de pedágio em outros Estados.

Nestes moldes, o preço desse pedágio novo ficará entre 70% e 80% das tarifas atuais. Já se a modalidade de menor preço for mantida, a tendência é o preço do pedágio do Paraná ser reduzido para menos da metade do atual.

São mais do que justas as frequentes cobranças e apelos em torno do tema e a defesa pelo debate coletivo antes de qualquer decisão.

Depois de 23 anos de uma novela que os paranaenses cansaram de acompanhar, mesclando exploração e promessas não cumpridas, todo cuidado é pouco, toda atenção é fundamental e toda a preocupação é necessária.

O modelo atual não foi justo com os paranaenses. Só foi bom para as concessionárias. Pagamos as taxas de pedágio mais caras do Brasil. Então, não queremos mais os erros do passado. Queremos virar a página. Para isso, é fundamental começar acertando. Não há projeto que dê certo começando errado.

O impulso à economia e o desenvolvimento que as nossas cidades merecem, assim como o Estado como um todo, dependem de boa infraestrutura e condições favoráveis de competitividade.

O usuário precisa ter prioridade. A questão não é pagar. Pagar é justo, o que não é justo é pagar preços exagerados por rodovias que deixam a desejar.

 

 

 

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