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Editorial

O brasileiro mais político da história do mundo

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Uma coisa ninguém mais pode falar do brasileiro: que ele não é interessado por política. Aquela imagem da população distante desse segmento social que havia na década de 1990, daquela população que odiava o horário eleitoral, que literalmente não discutia política, simplesmente sumiu. O interesse por política nessas eleições foi tamanho que está chato navegar nas redes sociais. É impossível não começar e acabar o dia sem se deparar com postagens e notícias sobre política, sobre as eleições, mais propriamente. Todo o Brasil opinando. Com seus smartphones afiados e rebelados, surgiram nessa campanha milhares de soluções para o Brasil. É um envolvimento geral, da criança ao idoso.

Não é de hoje que a população antes ausente desse campo começou a degustar política no seu dia a dia. Um gatilho, pode-se dizer, foram as manifestações de 2013, que já indicavam que não eram apenas pelos centavos. O trabalhador foi às ruas. Depois, veio o impeachment de Dilma Rousseff, com manifestações a todo vapor. Nesse meio tempo, a Lava Jato, que pela primeira vez na história prendeu os maiores empresários do Brasil e membros do atual governo, estimulou ainda mais, pela inédita sensação de justiça experimentada pelo povo, a vontade de falar de política.

Com tanto cacique indo para trás das grades (ou em prisões domiciliares nas suas mansões, mas isso não vem ao caso agora), o brasileiro sentiu-se bem em opinar, esbravejar, questionar a corrupção instalada em Brasília e em todo o Brasil. O cidadão tornou-se mais ativo no campo político, sentimento que inflamou vertiginosamente nessa campanha eleitoral.

Não é possível saber, todavia, se esse engajamento à política é, de fato, uma nova maneira de agir frente ao que acontece no poder, ou apenas uma luta de ideologias entre direita e esquerda que só serve para desunir e polarizar ainda mais a nação. Não se pode garantir que essa enorme proximidade com o mundo político de fato trará frutos ao Brasil ou se é somente fogo de palha no sítio do processo eleitoral. Não é possível mensurar se o fervor com que hoje cada lado defende seu candidato se perpetuará aquecido pelos próximos quatro anos.

Domingo (28) é o dia em que o brasileiro decide quais os rumos (os dois propostos são bem distintos) que a nação brasileira toma a partir do ano que vem. As pesquisas indicam que Jair Bolsonaro deve ser eleito pela maioria, para a alegria de pelo menos sete em cada dez eleitores de Marechal Cândido Rondon. Mas se o futebol é uma caixinha de surpresas, tenha certeza que uma eleição também é (né, Requião?). Até lá, muitos memes, fake news, pesquisas, vídeos e outros incontáveis materiais serão compartilhados pelos dedinhos eufóricos do brasileiro mais envolvido na política que se tenha conhecimento na história do mundo.

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