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Editorial

O campo não pode adoecer

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A sanidade agropecuária é algo que pouca gente dá importância, mas ela é o pilar para o sucesso desse setor no Brasil e no mundo. Ter o controle de pragas e doenças é mais que garantir alto desempenho no campo, seja nas lavouras ou nos plantéis, é atestar a segurança e a confiabilidade dos produtos alimentícios produzidos a partir da matéria-prima das fazendas. Ainda, manter o status sanitário em dia é a garantia de acesso aos maiores mercados do mundo.

Hoje, por exemplo, só o Estado de Santa Catarina pode vender carne suína para determinados consumidores, como Estados Unidos e Japão, pois é considerado área livre de febre aftosa sem vacinação. Além disso, a proteína que sai dos vizinhos para o mundo é mais valorizada.

O Paraná está em busca desse status diferenciado e tem trabalhado muito para alcançar tal posto. Controlar a febre aftosa sem vacinação colocaria o Estado entre os mercados que mais pagam no planeta. Seria um divisor de águas alcançar esse reconhecimento pela OIE, a Organização Mundial da Saúde Animal. Em maio está programada a última vacinação de bovinos e bubalinos. Em dois ou três anos o mercado deve se abrir a novos patamares, mas até lá muito trabalho de fiscalização precisa ser feito.

Já a sanidade das lavouras brasileiras vai muito bem, obrigado. As principais doenças e a matoconcorrência são controladas, apesar do uso abusivo de alguns agrotóxicos, o que desagrada grande parte da população. As aplicações de inseticidas, pesticidas e herbicidas praticamente imunizam as lavouras e garantem a alta produtividade. No entanto, plantar e colher não é uma ciência exata.

Em Marechal Cândido Rondon, uma praga registrada dias atrás pode causar grande perda de produtividade na próxima safra de milho, que deve ser colhida em algumas semanas. O problema chamou a atenção até da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, que enviou ao município pesquisadores para monitorar o motivo do enfezamento do milho em propriedades de Porto Mendes. Áreas pontuais no distrito rondonense têm apresentado plantas avermelhadas e amareladas, grãos com mal desenvolvimento e tombamento de plantas. E o motivo deve ser a cigarrinha, inseto que infecta as plantas quando o milho está entre duas e dez folhas. Ou seja, as lavouras que estão agora apresentando os sintomas de enfezamento já foram infectadas pela cigarrinha há várias semanas. Os prejuízos são visíveis a olho nu.

Para piorar, a presença dessa praga nessa safra indica que o problema pode se estender para os próximos ciclos produtivos. Isso quer dizer que o produtor terá que redobrar a atenção e, ainda, arcar com maiores custos de produção, caso seja necessário controlar a doença.

Manter a saúde das lavouras em dia passa por algumas importantes regras, como não usar sementes piratas e aplicar os defensivos de maneira incorreta, em subdosagens. Manter a saúde das lavouras é uma responsabilidade que todo homem do campo precisa partilhar. São os grãos que saem do campo os principais insumos para a produção de carnes, ovos, leite e derivados. Por isso é ainda mais importante que esses grãos tenham segurança e qualidade.

Mais um problema desafia o produtor rural da região, mas a ciência e as tecnologias estão disponíveis para diminuir cada vez mais o impacto negativo que doenças causam nas lavouras. A sanidade agropecuária é algo que pouca gente leva em conta, mas é tão importante quanto a própria produção de alimentos. Não dá para descuidar.

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