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Casa, bem me quer casa

O Carnaval do ano inteiro

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Que mundinho chato esse aí de só ganhar dinheiro e ficar rico.

A busca incansável pela fama, o aparecer a qualquer preço, o corpo perfeito, a pseudo felicidade acompanhada de vazios internos, solidões a dois, a três, a quatro, sorrisos engessados e falta de si mesmo.

O Carnaval do ano inteiro: máscaras, aparências, ego e vaidades. Muitas vaidades. Tudo para disfarçar uma carência profunda e uma autoestima estrangulada pelo péssimo hábito da comparação.

Desenvolvemos a crença do “preciso ser igual”, do “preciso ser melhor” ou do “não posso ficar atrás e nem de fora”… Quanta ilusão!

Perdemos em algum canto de nós mesmos a magia de sermos diferentes.

Lutamos tanto pelos direitos de igualdades e acabamos tristes no fundo de um poço que clama pelo direito de sermos diferentes. Será que não está nessa impiedosa comparação a causa de boa parte da depressão que assola tanta gente?

Tornamo-nos miseráveis, a cada dia, da beleza da vida e de existir. Na verdade, nós nos tornamos mendigos de amor, de afeto, de boas amizades, de histórias reais, de sorrisos verdadeiros, de abraços que nos salvam e nos devolvem ao essencial.

Estamos famintos de simplicidade. Esfomeados por pessoas de carne e osso, pessoas imperfeitas, pessoas que erram, que se superam, que apanham da vida, que choram, não desistem, sobretudo de si mesmas. Pessoas que transformam suas quedas em passos de dança e seguem adiante com o suor da face e as marcas do tempo.

Estamos ávidos por pessoas felizes com poucos trocados no bolso, pessoas sorridentes sem grandes motivos, pessoas que não nos olham no corpo ou na roupa, mas na alma.

Estou um pouco cansada de escutar tantas receitas de como ficar rico, conhecer tantos países, viver ao máximo todas as experiências possíveis. Quero me sentar com alguém que me aponte o caminho de dentro, alguém que sorria de si mesmo, que me olhe nos olhos só pra dizer “vai ficar tudo bem”. Alguém que seja amigo do silêncio e traga a gratidão no peito.

Vamos ganhar dinheiro, mas cumprindo nossa missão de vida. Podemos viajar o mundo e tocar a lua, mas nossa existência será em vão se não viajarmos para dentro e não tocarmos o coração de outras pessoas.

 

*Meu marido ainda dorme. Ele mal sabe: tem pão de queijo e cafezinho. Mas não vou fotografar nossa riqueza. Hoje, não.

 

A vida que nos espera não cabe numa manhã de Carnaval.

 

 

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