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Tarcísio Vanderlinde

O conteúdo das obras de Flávio Josefo

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“Antiguidades judaicas” e “Guerra dos judeus contra os romanos” são as obras que formam o núcleo central da produção literária de Flávio Josefo (37-100 d.C.). Outros escritos menores ainda são atribuídos a ele, como “Uma autobiografia” e “Carta contra Ápio”, documento este em defesa da cultura judaica.

Em “Antiguidades Judaicas”, Josefo praticamente reescreve as narrativas dos textos sagrados do Tanakh (Antigo Testamento). Entretanto, existem curiosos acréscimos. Aparecem aí referências à Arca de Noé, ao episódio da Torre de Babel e à dispersão primitiva das tribos ancestrais pelo ecúmeno.

Segue-se com o período do cativeiro do povo hebreu no Egito, êxodo, travessia do mar Vermelho e as ocorrências na região do Sinai sob o comando de Moisés. Ali foram recebidos os mandamentos e as determinações para a construção do Tabernáculo e da Arca onde ficariam acomodadas as tábuas da lei.

Josefo detalha os episódios que se sucederam após a passagem do povo pelo Rio Jordão sob a liderança de Josué. A história dos reis é contada com destaque para Davi e Salomão, este último construtor do primeiro templo. A guerra dos irmãos Macabeus contra a tirania de Antíoco Epifânio chama atenção e refere-se à fase que os teólogos costumam chamar de período intertestamentário.

O período intertestamentário pode ser considerado relevante, pois marca o surgimento da septuaginta, sistematização dos textos sagrados produzidos até então e que continua a ser utilizada e consultada no tempo presente.

A ascensão de Herodes, o Grande, e o seu despótico governo são um destaque da obra de Josefo que costuma chamar atenção. A crueldade e o cinismo de Herodes são narrados em detalhes. Para se manter no poder não hesitou em mandar matar sua esposa e dois de seus filhos. O final do governo de Herodes é marcado pelo nascimento de Jesus Cristo.

Jesus aparece citado no período pós-herodiano num fragmento que os historiadores passaram a denominar de “Testimonium Flavianum”. A historiografia tem questionado a autenticidade do fragmento. Já outros textos associados à existência de Tiago e João Batista também presentes na obra têm levantado menos objeções.

Da guerra dos judeus contra os romanos merecem destaque dois relatos que podem ser considerados como os mais relevantes do conflito: o cerco e a destruição de Jerusalém pelo exército romano comandado por Tito em 70 e a conquista da fortaleza de Massada no deserto da Judeia em 73, último reduto de resistência dos judeus contra os romanos.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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