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Editorial

O descontrole nos preços dos combustíveis

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Definitivamente quem coordena as políticas de preços dos combustíveis no Brasil perdeu a mão. O descontrole dos valores, com elevações praticamente semanais, está causando vários transtornos para o país.

Primeiro para as pessoas, que usam os veículos, sejam públicos ou particulares, para se locomover de casa para o trabalho, para o lazer, para outras finalidades quaisquer. Para quem lida com o uso dos combustíveis para trabalhar, como caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativos, a situação é ainda mais grave. Dia desses uma noiva foi dirigindo até o próprio casamento porque vários motoristas de aplicativos negaram-se a fazer a corrida justamente porque não valia a pena.

Por outro lado, os combustíveis em alta reduzem a competitividade dos bens produzidos no país. E, finalmente, chega em forma de preços mais caros em todos os produtos para os consumidores, ou seja, todos os brasileiros.

Para piorar a situação, caminhoneiros estão mobilizados pelo país para fazer uma greve, especialmente e, por uma ironia, os chamados tanqueiros, que transportam combustíveis das refinarias até as cidades. Em Minas Gerais, já teria faltado combustíveis em algumas localidades. No Rio de Janeiro também houve problemas.

O movimento pode piorar, se for encorpado com outras categorias de caminhoneiros, como aqueles que fazem fretes de outros produtos, como alimentos e produtos de higiene e limpeza, por exemplo. Seria mais um soco no estômago da já esfarrapada economia brasileira.

O presidente Jair Bolsonaro reagiu, dizendo ontem (21) que vai ajudar em torno de 750 mil caminhoneiros autônomos com auxílio em dinheiro para compensar a alta do preço do diesel. O que, aliás, não faz nenhum sentido. Dar esmolas não vai resolver em nada a grave situação a que o país foi submetido em relação aos combustíveis.

Aliás, de onde vai vir esse recurso? Nem dinheiro para pagar o programa Bolsa Família o governo federal sinaliza ter. Tanto que o ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu furar o teto de gastos do governo para bancar o programa social em 2022. Essa notícia, a propósito, causou uma disparada no preço do dólar, o que só piora a situação da inflação no Brasil.

É preciso rever com urgência a política de preços usada na Petrobras, atualmente seguindo os preços no exterior. Isso é bom só para os acionistas e para a empresa. Para o Brasil está sendo uma catástrofe. A alta carga tributária que incide sobre os combustíveis também precisa ser pressionada para baixo.

Uma nova greve dos caminhoneiros pode ser uma catástrofe para o Brasil, mas sua sinalização indica que alguma coisa não está certo. Qualquer um que abasteça seu carro sabe que algo está errado, sabe que os preços estão tomando dimensões não inimagináveis, mas incompatíveis com a realidade do país.

Ou fazem algo para frear a alta nos preços dos combustíveis ou os próprios combustíveis é que vão tratar de frear o Brasil. O problema é que nada fazem, e o Brasil já está freando.

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