O desvio das instituições?

É impressionante o que vem acontecendo com o Brasil. Com as nossas instituições.

Os últimos 30 anos foram responsáveis por uma avalanche de deteriorações das instituições, talvez algo inédito no mundo.

Na política um vexatório festival de mentiras e promessas que levam gente a sucessivos mandatos sem nenhum compromisso com o povo.

Partidecos que se multiplicam como formigas, que sofrem mutações conforme a ocasião e dão sustentação ao pior modelo político que se tem conhecimento no mundo.

No Judiciário um descaso com o andamento dos trabalhos que as vezes passa a impressão que tem ministros trabalhando para pessoas e não para o Judiciário.

Nos poderes, as pessoas se autobeneficiando, criando leis especiais para beneficiar excepcionalmente alguns e regimes que só conseguem se manter numa ditadura.

Gente que tem aposentadorias milionárias e acumula dois ou três benefícios, como a coisa mais natural do mundo. Tudo isso em detrimento da grande maioria que recebe aposentadorias miseráveis.

 

 

 

As empresas públicas, o tal do patrimônio do povo brasileiro, ao longo dos anos vêm sendo saqueadas por sucessivos governos, como se fossem pertencer aos grupos que estão no poder e não ao povo brasileiro.

 

A cada dificuldade financeira provocada pelo excessivo gasto dos governos, aumenta-se impostos, como se isso fosse normal.

A Polícia Federal há muito tempo consegue tirar da beira das estradas federais os quiosques que vendem banana, batata e cebola produzida pelos nossos agricultores familiares, mas não consegue tirar da beira das estradas os acampamentos de sem-terra, que há muito tempo deixaram de ser movimento sem-terra para ser um movimento, um braço político dos partidos de esquerda.

E o pior, esse e outros movimentos, pagos e mantidos com o dinheiro dos nossos impostos…

E as penitenciárias, o que é isso?

A inversão de valores é algo que merece reflexão.

O indivíduo que morre vítima de um assaltante, bandido ou assassino de ocasião, se quiser ver o assassino ser julgado, muitas vezes ainda tem que pagar advogado. As vítimas não recebem nada do Estado, a não ser o serviço, quase sempre inoperante das polícias e a lentidão do Judiciário.

Mas as famílias dos bandidos mortos nas penitenciárias, por outros bandidos, têm direito à indenização.

As famílias dos presos, que somente estão presos porque infringiram a lei, têm direito à ajuda de custo, e aí, convenhamos, as esposas e filhos dos bandidos não têm culpa dos atos violentos de seus pais, mas vem cá, que culpa tinham as vítimas deles?

Será que os inocentes que morreram não tinham nenhum direito?

As nossas instituições dizem que não, que só as famílias dos presos têm direito à ajuda, das vítimas não. As viúvas e as crianças de pais vitimados podem se virar, afinal estão soltos…. Você concorda com isso?

E a Funai? De repente o Brasil inteiro ficou apavorado com as ameaças de demarcações de terras que há décadas pertencem a agricultores que construíram e produzem nelas. Os índios virando fazendeiros e os produtores que adquiriram e prepararam as terras virando sem-terra.

E o contrassenso entre os protestos de caminhoneiros e dos policiais e fiscais da fazenda, agricultura e outros. Eles podem trancar uma rodovia, fazendo operações tartaruga para reclamar melhores salários, causando enormes transtornos e prejuízos a pessoas e ao país. Já os caminhoneiros são retirados à força e presos se quiserem insistir.

Não estou defendendo fechamento de rodovias pelos caminhoneiros… que fique bem claro, apenas constatando os tratamentos diferentes.

Nas escolas então… uma vez os professores xingavam os alunos que desobedeciam, hoje não, os alunos xingam os professores e se esses reagirem têm chance de serem agredidos por algum aluno mais exaltado. Onde isso vai parar? Vamos ter cidadãos melhores no futuro? Será?

E as greves no serviço público, especialmente na educação? Será que nosso ensino público e gratuito está melhorando com uma greve por ano? O que deveria ser algo bom e importante acaba se tornando algo questionável e, em muitos casos, as pessoas fogem da escola pública, mesmo sacrificando seu orçamento familiar, preferindo pagar mensalidade na escola particular. O que está acontecendo?

E as obras públicas? O que se deseja é ter obras de boa qualidade e a custos mais baixos. E o que temos, quase sem exceção, são obras de má ou de péssima qualidade e por preços bem mais caros. Como se explica isso? E não é de hoje, vem de tempo e quanto mais se fazem leis para amarrar as compras, mais se permite legalizar o roubo nos órgãos públicos. Incrível.

Um governo pode pagar o dobro por uma obra, desde que ele comprove que fez licitação, que seguiu a lei e o menor preço venceu, não cometeu crime, mesmo pagando o dobro do que vale a obra. E isso tudo aos olhos dos fiscais, vereadores e deputados, dos tribunais de contas e demais órgãos fiscalizadores.

Então eu pergunto: o que está acontecendo com as nossas instituições?