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Dom João Carlos Seneme

O discípulo correu, entrou e viu o sepulcro vazio e acreditou: Jesus ressuscitou!

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Este domingo (17) é dia da Páscoa do Senhor! A experiência da Ressurreição é tão grande e forte que continua a ressoar na Igreja apesar dos séculos, que um dia não é suficiente para nós, nem mesmo oito, para acolhê-la e celebrá-la. A Páscoa toca as raízes e a identidade da nossa fé como seguidores de Jesus. É a nossa marca, mas também a fonte à qual voltamos para nutrir e renovar a nossa essência de fiéis. Porque a fé não é uma peça de museu, velha e valiosa; nem é uma doutrina, uma cultura ou normas que repetimos. A Páscoa nos impele a nascer de novo, a nos deixarmos gerar pelo mesmo Deus que, tirando seu Filho Jesus das trevas da morte, o fez viver para sempre como Senhor e Salvador.

Começamos a celebrar este grande dia na longa vigília do Sábado Santo. Uma noite que começou com a bênção do fogo e da luz que foi iluminando o mundo como no dia em que criou a humanidade a sua imagem e semelhança. Através da Palavra de Deus fomos refazendo, passo a passo, a história da salvação, a presença de Deus na humanidade desde a criação até a ressurreição.

No Evangelho deste domingo podemos perceber que o encontro com o Ressuscitado não se dá de forma espontânea e natural. Ele acontece no meio das incertezas, medo, dúvidas. Maria Madalena vai ao sepulcro no meio da noite, é escuro ainda, fora e dentro dela, e não entende nada quando encontra o sepulcro vazio. Ela tem que superar a amizade e amor que sente por Jesus para estabelecer uma relação espiritual com o Ressuscitado.  Pedro tenta entender tudo pelo uso da razão, interroga sempre, busca verificar tudo. Ele deve se entregar todo inteiro ao Ressuscitado com o coração e não apenas com a razão. O discípulo amado se arrisca mais: “viu e acreditou” que Jesus estaria presente em sua vida de modo diferente.

A dúvida está no meio deles, mas a saudade do Senhor é maior. Somente o discípulo amado, o seguidor ideal, compreende pela fé o que não é tão óbvio para Pedro e Madalena. A fé respeita os ritmos e processos de cada ser humano, que são lentos e complexos. No final, os três acabam “compreendendo a Escritura: Ele havia de ressuscitar” (Jo 20,9). Procurar, mover-se, correr… Talvez nossa tarefa seja ir aos “túmulos vazios” onde há vestígios do Ressuscitado; aqueles que estão em nossa história pessoal, nos lugares que percorremos diariamente, nas notícias que lemos, nas histórias que ouvimos ou compartilhamos, nas leituras que fazemos. Quem acredita procura e corre. Não há Páscoa se não formos capazes de nos colocar em caminhos de busca, encontro e fé!

Tudo o que existe é penetrado pela energia vital do Ressuscitado; nossa vida é impulsionada até sua plenitude final, mesmo que, às vezes, não conseguimos ver, sentir; a força do Ressuscitado está ali nos ajudando a caminhar, a criar um mundo novo. Por isso, ao celebrar a Páscoa não podemos ser os mesmos de sempre, a vida mudou, nós mudamos porque um Espírito novo está dentro de cada um de nós.

A Páscoa é a festa da vida. A festa de todos que se reconhecem mortais, mas que descobriram no Cristo Ressuscitado a esperança de uma vida eterna.

Felizes aqueles que nesta manhã da Páscoa deixam entrar em seus corações as palavras de Cristo: “Tenham a minha paz. Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo” (Jo 16,33). Que todos se alegrem com o Cristo Ressuscitado! Feliz e Santa Páscoa!

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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