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Tarcísio Vanderlinde

O enigma persiste

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Uma tradição rabínica afirma que a Arca da Aliança estaria escondida em Jerusalém, em algum lugar do monte Moriá, lugar de sua entronização durante a inauguração do primeiro templo construído à época do rei Salomão. Entre outras suposições há a teoria de que, durante o período das cruzadas, os templários teriam escondido a arca em algum lugar nas ilhas britânicas.

A única referência bíblica geográfica sobre o esconderijo da arca encontra-se em II Macabeus, livro considerado apócrifo por parte da cristandade, mas muito citado como fonte histórica sobre Israel. O relato conta que, à época do exílio babilônico, o profeta Jeremias teria escondido a tenda e a arca na “montanha onde Moisés, tendo subido, contemplou a herança de Deus”. A descrição parece indicar o monte Nebo citado em outros textos da Bíblia. O monte se situa em território jordaniano.

O texto destaca que, “ali chegando, Jeremias encontrou uma habitação em forma de gruta, onde introduziu a tenda, a arca e o altar de perfumes, obstruindo depois a entrada”. O texto ainda relata que alguns dos que haviam auxiliado Jeremias a transportar os objetos tentaram assinalar o caminho, mas não puderam mais identificá-lo depois. Ao saber da tentativa dos auxiliares, Jeremias censurou-os dizendo: “O lugar permanecerá incógnito até que Deus realize a reunião do seu povo, mostrando-se misericordioso”.

Por ser atravessado por uma falha geológica, a Terra Santa é uma região sujeita a terremotos além de fortes torrentes pluviais que costumam mudar o relevo de uma hora para outra. É lícito pensar que algum fenômeno “natural” possa ter ocultado a arca. O texto de Macabeus parece ainda ser a melhor referência sobre o suposto paradeiro do artefato. Contudo, o enigma persiste.

É oportuno lembrar que muitos objetos líticos com valor histórico se perderam, foram negociados, destruídos. Outros sequer foram encontrados. É preciso ainda considerar a quantidade de objetos os quais se atribui alguma relação com a Bíblia e que têm sua credibilidade sustentada apenas por tradições.

Não se poderia concluir sem mencionar uma visão que o apóstolo João teve da “arca da sua aliança”, quando exilado na Ilha de Patmos, hoje litoral da Turquia. Exegetas costumam reconhecer que a visão de João se relaciona a um contexto temporal distinto da histórica arca desaparecida desde a destruição do primeiro templo judaico.

Deixemos por ora com o exegetas uma melhor interpretação sobre esta visão.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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