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Elio Migliorança

O IMPORTANTE É A TRAVESSIA

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A contagem regressiva começou e o ano está indo para o final. Mesmo não querendo, somos induzidos a fazer uma reflexão sobre o que passou e o que virá. E no meu caso, ela foi conduzida pelo filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella, mestre e doutor em Educação pela PUC São Paulo, em palestra que o mesmo proferiu em recente encontro de cooperativistas em Curitiba, cujo conteúdo me fez pensar na vida e na morte, e que serve de base para a reflexão que segue.
A melhor maneira de ganhar a vida é produzir vida. Produção em todos os sentidos. Afinal, qual é a tua obra? O que você e eu deixaremos para os outros quando tivermos partido? Todos sabemos que vamos morrer, mas muitos não fazem nada a respeito. Nós temos o grande privilégio de poder pensar nisso, porque os outros animais não pensam. A morte é um fato, nós precisamos é pensar na vida, nos preocuparmos com ela. Porque a vida é muito curta para ser pequena. Para muitos a vida é desperdiçada, e no final ela ficou banal, pequena, morna, superficial e fútil. O resultado depende das decisões e das ações de cada um.
Já se perguntou que falta você faria se não existisse? Para fazer falta você precisa ser importante. Mas, ser importante não é ser famoso. Há importantes que não são famosos, e há famosos que não têm importância nenhuma. Esta é uma frase que devia ser lida e pensada principalmente pelos arrogantes que vivem com o nariz empinado. Não esqueça que quando o jogo de xadrez acaba, tanto o rei quanto o peão vão para dentro da mesma caixinha. No nosso caso, algumas caixinhas mais vistosas outras mais comuns, mas todos acabaremos lá. Na verdade, morrer é ser esquecido. Enquanto alguém pegar um objeto que lhe pertenceu, rir de algo que você fez ou uma lágrima rolar diante de uma lembrança, você não morreu. Você vai continuar a viver naquilo que você fez. Vida é o espaço entre o nascimento e a morte. Nascimento que não dependeu de você e morte que você não conseguirá evitar. E o importante está ali no meio, a travessia que você construiu entre estes dois extremos. E, como dizia Guimarães Rosa, o importante não é a saída ou a chegada, é a travessia. E nesta travessia, estamos chegando ao final de 2012 e neste final estaremos celebrando o Natal. Haverá celebrações e haverá muitas ceias de Natal. Mesas serão preparadas com esmero e carinho, algumas com muitas variedades, outras mais ou menos e algumas com pouca comida. Mas a ceia de Natal mais rica é aquela em que se tem com quem repartir. A riqueza não está na variedade das comidas, mas no sentimento daqueles que estão ao redor da mesa. E como estamos sendo chamados a refletir sobre a realidade da vida, é importante lembrar que ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas pode começar agora a fazer um novo fim. E como a vida para ter sentido precisa ser uma construção coletiva, cabe aqui reproduzir aquele ditado africano que diz: se quiser ir apenas rápido… vá sozinho, mas se quiser ir também longe, vá com alguém. Disse o professor Cortella que eu seu túmulo gostaria que escrevessem : “eu não estou aqui”. Você estará naquilo que fez.

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