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Arno Kunzler

O mundo ideal

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Sempre imaginamos um mundo ideal nas nossas aspirações políticas, futebolísticas, religiosas e econômicas.
Um mundo em que o ser humano que dirige as coisas é competente suficiente, honesto e sempre carregado de bom senso.
Só que o ser humano não é assim. O ser humano é egoísta, vaidoso, arrogante e insensível quando tem dinheiro, e se vitimiza quando não alcança seus objetivos, pelos quais nem sempre lutou.
Logo, não teremos um mundo ideal, nem na política, nem no esporte, nem na economia e nem na religião, não por muito tempo.
Existem maneiras diferentes de se ver a mesma coisa.
Existem pessoas falando a mesma coisa e pensando em resultados diferentes.
Existem pessoas fazendo diferente e querendo o mesmo resultado.
Existe o demagogo e o super sincero.
Existe a consciência coletiva alcançada por propostas ou promessas, às vezes possíveis e, na maioria das vezes, para a grande maioria, impossíveis.
É disso que precisamos falar. Quando ouvimos nossos líderes religiosos, nossos dirigentes de futebol, nossos economistas e, principalmente, nossos políticos.
Há coisas que são ditas com frequência e repetidas inúmeras vezes por diferentes candidatos, que morrem assim que se começam a formar o governo.
Há coisas que são repetidas durante os governos que viram crenças do eleitorado e que jamais acontecerão, pelo menos não para todos.
Assim, é comum que durante um período de governo alguns vão bem e outros mal. E isso é mais da natureza humana do que da competência dos governos.
Mas também é comum que setores e segmentos vão melhor ou pior, conforme a política desse ou daquele governo.
Talvez seja essa a razão principal pela qual nossas opiniões se dividem.
Diferente da torcida por um time de futebol, na política costumamos ter mais sensibilidade quando ganhamos melhor ou pior, e menos por qualquer ideologia que comungamos, apesar disso também ter seu peso.
É inegável que vivemos um momento de prosperidade para alguns setores, duradouros ou não, e justamente são esses mais alinhados com o atual governo.
Mas também percebemos que outros segmentos perderam ganhos neste governo e é natural que tenham menos apreço por sua política econômica, ainda que ideologicamente se mantenham firmes e aliados.
Então, o mundo ideal não é o mundo real. Ler um livro sobre esquerda ou direita não vai nos dar luz e conhecimento suficiente para achar que um é melhor ou pior do que outro.
Nossa convicção ideológica vem sempre acompanhada de algum tipo de resultado prático que o mundo real nos oferece.
Por isso, os governos mudam, eles são cíclicos, assim como a economia, os times de futebol e até as religiões.
A nossa tolerância é curta quando a economia falha.
O torcedor de futebol que chora lágrimas de alegria hoje, dispara socos de raiva amanhã quando seu time é derrotado.
O eleitor que defende e briga por um governo, em sua grande maioria, abandona o barco quando a família reclama que o dinheiro que antes dava, agora não dá.
Essa é a vida real e esse é o quadro que vamos viver daqui um ano, quando teremos que optar pela reeleição do atual governo ou escolher um novo governante para o país.

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos
arno@opresente.com.br

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