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Arno Kunzler

O PMDB E O GOVERNO…

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As relações do PMDB, maior partido do Brasil, com os governos sempre foram baseadas em toma lá dá cá… Foi assim desde que o PMDB chegou ao poder com José Sarney, um político que até 1980 era um dos maiores líderes da Arena e depois foi presidente do PDS, sucessor da Arena, para se tornar presidente do Brasil pelo PMDB em 1985.

O PMDB foi o principal responsável pelo impeachment do ex-presidente Collor, cujo presidente da Câmara, na época, também era do PMDB, o deputado gaúcho Ibsen Pinheiro. Participou da coalisão liderada pelo PSDB, DEM e outros partidos durante o governo de Itamar Franco, vice que assumiu no lugar de Collor, afastado.

Depois o PMDB participou dos governos FHC e Lula, para se tornar o principal aliado do PT no governo Dilma Rousseff. Hoje está nas mãos do PMDB o processo de impeachment de presidente.

Se o Brasil se acalmar depois da reforma ministerial promovida por Lula, que agora de fato passou a dar as cartas no governo, o PMDB vai ser aliado do PT até o fim do governo.

Se os brasileiros continuarem reclamando e o povo mobilizado nas ruas, talvez o PMDB, hoje aliado, se torne o entrave de Dilma para continuar governando.

O PMDB majoritariamente tem esse perfil, sabe ler bem o recado das ruas.

Um partido que nasceu para ser oposição, na época ao regime militar, se tornou o partido mais governista do país.

O problema que o PMDB não foi unido, nem nas melhores campanhas presidenciais, quando teve como candidato a presidente o seu principal líder, Ulysses Guimarães.

O PMDB sempre se dividiu entre governo e oposição, de acordo com o momento, os interesses regionais e o grito das ruas.

Portanto, quem apostar que o PMDB está fechado com Dilma até o fim do governo pode estar errado. Mas quem apostar o contrário, também pode estar errado. Logo, o PMDB decide onde quer estar, quando quer estar e, principalmente, por quanto quer estar.

Neste momento, o PMDB se agigantou no governo, vai manipular verbas de grande alcance político. Todavia, o que os brasileiros esperam não é o PMDB no governo ou fora dele, é o governo com melhores perspectivas e com menos corrupção.

Esse parece ser o grande problema da presidente Dilma Rousseff.

Quem mentiu tanto durante e após a campanha eleitoral vai ter credibilidade para mudar a política econômica do país?

Quem fez tantas coisas erradas durante os últimos anos vai ter credibilidade para agora anunciar que fará as coisas certas?

O Brasil continua inquieto, a economia continua instável, os serviços públicos continuam péssimos, as perspectivas de mudanças continuam nulas e, certamente, se as coisas não mudarem, o povo voltará às ruas para cobrar, agora não só o PT, Lula e Dilma, mas também o PMDB.

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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