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Arno Kunzler

O preço da democracia

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Nossa jovem e frágil democracia ainda precisa enfrentar muitos tropeços para se solidificar, como, por exemplo, a democracia americana e as tradicionais europeias.

Se bem que ataques à democracia têm acontecido em todas as partes do mundo.

Nesta semana o Brasil assistiu à prisão do deputado Daniel Silveira, do PSL do Rio de Janeiro, que fez duras declarações contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, chegando a propor intervenção militar no país.

Embora o deputado não esteja sozinho nessa frente, é possível acreditar que os brasileiros de forma geral querem o regime democrático.

Até porque já experimentamos os outros e, não por nada, o povo lotou as praças para pedir a volta da democracia no Brasil.

Parece mais fácil imaginar que para melhorar é preciso mudar o regime, mas talvez seja mais prudente acreditar que o problema não é o regime e sim quem está dirigindo as instituições.

E quem está dirigindo as nossas instituições foi escolhido por nós ou indicado por quem nós elegemos.

Portanto, defender um regime que não seja o democrático, por mais que se possa questionar tudo na democracia, não parece a solução dos problemas, pelo contrário.

Vivemos um tempo de questionamentos, em que mudar parece sempre a solução mais fácil e promissora.

Talvez devêssemos acreditar em soluções negociadas de forma republicana, dentro do próprio regime democrático, com os poderes constituídos funcionando.

Por mais que esses poderes estejam decepcionando alguns brasileiros, ou muitos, com atitudes e decisões consideradas equivocadas, são eles, os eleitos por nós, que estão lá.

Quando se pensa em mudar o regime, não sabemos quem estará lá para tomar decisões em nosso nome e a serviço de quem estará.

A democracia, já disse o filósofo, é o pior dos regimes, depois de todos os outros.

Não existe um regime bom o suficiente que agrade a todos o tempo todo.

Querer mudanças muita gente quer, rejeitar as pessoas que estão ocupando os cargos mais importantes das instituições muitos querem, mas trocar por quem, indicado por quem?

Essa é a questão.

Quando os brasileiros foram às ruas pedir eleições diretas foi para substituir justamente o regime militar.

Por que será?

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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