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Elio Migliorança

O PULO DO GATO

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A expressão “pulo do gato” caracteriza a ação ou costume pessoal onde o indivíduo se diferencia ganhando destaque sobre outras pessoas ao executar determinado trabalho ou tarefa. Segredo profissional. Manobra ou ação que faz safar-se de determinada situação, ou segredo para resolver um problema. Foi a observação da realidade regional pós-safra que me inspirou este tema. A euforia de uma colheita generosa, a natureza conspirando a favor do agricultor, quando todos os institutos de meteorologia previam tempo seco para o verão, proporcionou uma safra acima da média. Relevante também é o nível de preços praticado pelo mercado, atingindo patamares que há anos não se via por aqui. E isto tudo significa mais dinheiro no bolso não apenas dos produtores rurais, mas de todos os setores da economia que vão da indústria ao comércio passando pelo setor de serviços, turismo e muitos outros. É o momento exato para o agricultor dar o “pulo do gato”.
Em que consiste exatamente isso? Pois bem. O que temos visto durante décadas é que os preços normalmente sobem no período de entressafra. No período de colheita e logo após, quando vencem os financiamentos de custeio, os preços caem. Estratégia das indústrias para comprar o produto a preços menores já que sabem do comprometimento financeiro dos produtores. Os preços deste ano que se mantiveram em alta mesmo na colheita constituem uma exceção e não podemos fazer da exceção uma regra. Portanto, este é o momento em que o produtor rural deve agir com cautela e sabedoria. Pagar seus compromissos de custeio das lavouras e reservar parte da sobra para formar um capital de giro que lhe permita na próxima safra vender o mínimo de produto para honrar seus compromissos. E qual a vantagem fazendo isto? Negociar o produto nos períodos de entressafra quando normalmente os preços sobem.
Já existem estudos mostrando que nos períodos de plantio os fornecedores de insumos, que são os próprios compradores dos produtos agrícolas, oferecem preços maiores para estimular o agricultor a plantar. Este é o momento em que se deve dispor de grãos para vender.
Os preços alcançados pelo milho nesta safra são em parte resultados da escassez mundial do produto, mas em parte ele é forçado por aqueles que possuem milho estocado e não precisam vendê-lo, esperando preço melhor. Claro, na outra ponta estão os consumidores, que se obrigam a pagar um preço maior para obter o produto. Mas ao longo dos anos o produtor rural sempre foi o mais sacrificado e nada mal que ele também tenha seu período de “vacas gordas”. É necessário também estar atento aos movimentos do governo, pois os generosos financiamentos dos últimos anos tendem a diminuir ou desaparecer, diante do corte orçamentário de R$ 50 bilhões anunciado pelo governo. Financiamentos a juros de 2% ao ano foram um belo presente, mas vão acabar. Compras a prazo precisam ser analisadas cuidadosamente, pois o preço atual pode nos dar a falsa impressão de que o pagamento será fácil, esquecendo que os preços são como o vento: ninguém sabe para que direção ele irá nas próximas horas.

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